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jugular

Um Coelho no País das Maravilhas

Parece que Pedro Passos Coelho, no seu afã de destruir a escola pública, acabou de afirmar que Portugal não só tem oferta pública universitária a mais como a que tem é tão mázinha que não tem reconhecimento internacional. Mais concretamente, afirmou que nenhuma universidade portuguesa tem reconhecimento internacional.

 

Não sei em que meios se movimenta o senhor, que pelo que sei nunca frequentou nenhuma universidade pública, para afirmar semelhante barbaridade. Nem sei que Universidade privada considera tão fantástica que deve substituir as reles públicas.  Mas sei que com o seu total desconhecimento do país que pretende (des)governar acabou de insultar as muitas Universidades nacionais que, com muito trabalho e com o auxílio das políticas de I&D desenvolvidas por Mariano Gago - e continuadas na medida do possível pela Graça Carvalho nos governos Durão Barroso e Santana Lopes - tiraram Portugal do atraso que por demasiado tempo caracterizou o nosso ensino superior.

 

Recorrendo à escola que conheço melhor, a minha, gostaria de explicar a Passos Coelho - ou aos seus colaboradores mais directos que percebi ontem lerem atentamente o jugular - que, no Técnico, participamos activamente em várias redes e programas internacionais que visam a mobilidade, em programas de graduação ou pós-graduação, estágios ou projectos de investigação, como as redes CLUSTER, CESAER, T.I.M.E., ATHENS e MAGALHÃES-SMILE. Que o Técnico detém a presidência do CLUSTER (Consortium Linking Universities of Science and Technology for Education and Research), uma rede constituída por 12 das melhores escolas europeias de Ciência e Tecnologia.

 

Ou explicar-lhe que o Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia (EIT), criou em toda a Europa apenas três Comunidades de Inovação e Conhecimento (KICs), uma das quais, a KIC InnoEnergy – que tem como objectivo a sustentabilidade da Europa em termos de recursos e de mercado energético -, reconheceu o Técnico como parceiro estratégico. Ou que o Técnico está a organizar o workshop da Plataforma Sino-Europeia de Ensino em Engenharia (SEEEP), lançada em Setembro de 2010,  que visa promover a colaboração entre as Instituições de Ensino Superior em Engenharia da Europa e da China. Ou pô-lo a falar com o nosso vice-presidente para as Relações Internacionais para ele lhe elencar os inúmeros projectos de colaboração com as melhores Escolas de todo o Mundo que temos sempre a decorrer.

 

Gostaria ainda de lhe mostrar os laboratórios onde se desenvolve trabalho de excelência, reconhecido como tal por quem de direito, como por exemplo o European Research Council que atribuiu uma Advanced Grant no valor de 1.6 milhões de euros ao Luís Oliveira e Silva e uma ERC Starting Grant, no valor de cerca de um milhão de euros, ao Vítor Cardoso. Ou explicar-lhe que é um português, do Técnico também, que está à frente do consórcio europeu do projecto ITER, uma experiência mundial de fusão nuclear. Ou mostra-lhe os nossos indicadores de produção científica que se comparam, com muito menos meios, aos das melhores escolas europeias.

 

Gostaria também de lhe explicar que os problemas que nos afligem, a crise que está na ordem de todos os debates e de todos os dislates que se debitam, só pode ultrapassada por uma reforma do nosso tecido produtivo, com uma aposta forte na inovação e na produção de produtos de alta valor acrescentado - isto é, produtos que só tecnologia ao mais alto nível pode ajudar a concretizar. E que ele vive de facto num País das maravilhas se considera que maltratar as Universidades públicas, o motor para o desenvolvimento tecnológico que vamos finalmente tendo, para engordar privadas de papel e lápis é receita para algo mais que a morte de qualquer esperança de um futuro melhor.

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