Como toda a gente sabe, o PS não tem programa
Convencionou-se dizer que o PS não tem programa. Já o PSD, não só tem programa, como este até é 'excelente e ousado'. Pouco importa que uma parte significativa das medidas propostas pelo PSD ou ja existam (por vezes com outra designação, noutras nem isso), ou não resistam à mínima crítica. Mas o programa do PSD não serve para ser analisado quanto aos seus méritos (e deméritos), apenas como contraponto de uma suposta inexistência.
O programa do PS remete para o Acordo Tripartido para a Competitividade e Emprego, que envolveu Governo, UGT, CAP, CCP e CIP. Este acordo demonstra duas coisas sobre os governos liderados por Sócrates: que são capazes de concretizar compromissos sociais alargados, como já o tinham sido na Segurança Social, no salário mínimo, na formação profissional e no regime jurídico da protecção no desemprego; e que o PS se apresenta a estas eleições dando continuidade à agenda reformista iniciada em 2005.
Este acordo, reafirmado no programa do PS, devia merecer muitos dos elogios que têm sido dirigidos ao acordo com a Troika - o tal cujo nível de detalhe, abrangência e arrojo é, garantem-nos, coisa nunca vista no nosso país. Num certo sentido, este acordo não existe...porque não pode existir: como toda a gente sabe, o PS não tem nada a dizer sobre competitividade e emprego. Os factos também se criam assim: por decreto. (também publicado no Diário Económico)