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jugular

Afinal não era só carregar no botão

Entre as várias afirmações que Vítor Gaspar proferiu na conferência de imprensa de hoje, uma das mais edificantes deve ter sido a assunção de que os cortes na despesa demoram tempo a produzir efeitos.

 

Eureka. É que estamos todos seguramente recordados do que foi o bombardeamento diário, nos últimos meses, da ideia de que os cortes na despesa era óbvios, fáceis e de efeito praticamente imediato, assim um pouco como carregar no botão. Não nos esqueçamos que no início de Setembro do ano passado, quando Passos Coelho procurava argumentos para inviabilizar o Orçamento de Estado para 2011, o PSD exigia uma avaliação do impacto das medidas de corte na despesa que constavam do acordo negociado entre Teixeira dos Santos e Nogueira Leite em meados de Maio de 2010 (o PECII) - cujas medidas só entraram em vigor em Julho e Agosto (como a mudança de regras na atribuição de prestações sociais), ou seja, umas semanas antes da avaliação pedida. Se isto parecia patético na altura, ainda mais parece hoje. 

 

Claro que o PSD, quando era chamado a fazer propostas de cortes, quase nunca avançava nada de concreto. Mas fê-lo uma ou outra vez. Por exemplo, em Maio de 2010, defendeu que cortes nos míticos consumos intermédios permitiriam uma redução na despesa de 1700 milhões (a maior parte, supostamente, na saúde). Era tão fácil. Como era fácil arranjar mil milhões de euros num instante reorganizando (e eliminando) uns quantos institutos públicos, como Carlos Moedas defendeu num "Expresso da Meia-Noite" em Março passado (com base em contas que afirma ter feito para a negociação do Orçamento de 2011, ao lado de Eduardo Catroga). Era facílimo - estava tudo numa folha de papel. 

 

Se estivéssemos em Novembro e o governo precisasse, por qualquer motivo, de mil milhões urgentemente até ao fim do ano, era compreensível não haver alternativa a ir ao bolso dos portugueses aumentar a carga fiscal. Mas o que o Governo admitiu, no fundo, é que não consegue cortar despesa no valor de mil milhões de euros em meio ano.

 

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