Piscadela de olho
À partida, tenho por José Rodrigues dos Santos o respeito que me merece alguém que conclui uma empreitada. É um respeito alheio à qualidade do livro e proporcional ao seu número de páginas, mas genuíno. Tenho o mesmo respeito pelos bodybuilders - aquilo deve dar imenso trabalho. O problema que Rodrigues dos Santos me coloca é este: como manter uma ausência de opinião sobre um livro que não li? Quando diz que "... o problema é os meus dedos serem suficientemente rápidos para acompanhar as ideias que fluem da minha mente", por que motivo oiço um parvalhão e não um discípulo de André Breton? O sucesso comercial de Rodrigues dos Santos pode ser indissociável da sua profissão de pivô de telejornal, mas quem me assegura que, pelos mesmos motivos, a crítica literária não lhe aplica um viés?

