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'a prova de que os governos não intervêm na RTP quando e como querem  está à vista neste caso: a notícia (verdadeira ou não) foi imediatamente conhecida, o governo não a desmentiu até ao momento, o “convidado” proferiu uma primeira declaração ambígua que mais confirmava a abordagem do que a desmentia e a Direcção de Informação da RTP (DI/RTP) veio “pôr os pontos nos is” e  afirmar “que respeita as regras”, que é como quem diz “aqui quem manda sou eu”. A menos que o DI/RTP e a administração venham a ser “despedidos” por terem ousado lembrar a quem de direito que a competência para a nomeação de correspondentes lhes pertence, o que temos aqui é uma  tentativa de interferência não consumada (cuja responsabilidade não pode ser assacada à  RTP)'

 

este resumo de estrela serrano sobre o crespogate serve direitinho como bom barrete em todos os que se apressaram a, numa operação atabalhoada de contenção de danos, alegar que o problema do convite de relvas a crespo, a existir, se devia ao facto de a rtp ser pública e portanto de 'estas coisas serem inevitáveis'.

 

mas há mais um barrete que estas pessoas que passaram anos a chamar serventuários aos outros e a acusá-los de 'calarem todas as críticas' e 'obedecerem à voz do dono' enfiaram direitinho. é que nenhuma disse que não acreditava que relvas tivesse feito o convite, ou que precisava de provas concretas para pôr sequer a hipótese, e no entanto nenhuma o criticou pelo facto. nenhuma. é obra, não é? é esta a ideia que têm do governo que apoiam: gente capaz de atropelar todas as regras e imperativos legais, e, no entanto, fazem paz com isso, desde que a tal gente se apreste a cumprir a agenda 'liberal' que dela esperam.  

 

quanto aos que acham que não é preciso ter uma televisão do estado porque as privadas cumprem o serviço público, o crespogate também serve de edificante exemplo. bastou ver a forma como a sic tratou a notícia dada por um jornal da mesma empresa sobre um convite feito pelo governo a um seu funcionário que por acaso de cada vez que foi interpelado sobre o mesmo convite se apressou a dizer que estava interessado e nunca tinha feito disso segredo -- ou seja, que se o convite fosse formalizado aceitá-lo-ia --: com silêncio rigoroso, só quebrado por um solilóquio do próprio funcionário, à melhor maneira de chavez ou fidel.

 

esta história, é claro, ainda não terminou. mas no pouco tempo da sua duração -- a notícia do expresso é de ontem à noite -- já revelou muitíssimo. aguardam-se os próximos capítulos. e sendo certo que não tenho na melhor conta o expresso (que está farto de dar notícias falsas), que suspeito que balsemão e a sic adorariam livrar-se de crespo e que à partida sou céptica em relação a tudo, até ter provas, as primeiras declarações de crespo ao jornal onde tem uma coluna e que funciona na mesma empresa são tudo menos consistentes com o desmentido 'categórico' que fez no jornal das 9. como é pouco consistente com esse desmentido o silêncio de relvas e da sic. se relvas pode negar, porque motivo não nega quando solicitado a comentar? e se a sic pode e deve noticiar, por que motivo não noticia? por que motivo crespo não foi questionado por um jornalista da casa? foi ele que se recusou ou a sic que não quis?

 

ao contrário da direcção de informação da rtp, que veio pôr os pontos nos i quanto ao concurso para correspondente, a direcção de informação da sic mostrou ser refém de lógicas que nada têm a ver com informação. se o governo fosse outro, falar-se-ia de 'pressões'. ou de 'negociatas', ou 'tramóias'. como é este, assobia-se para o ar.

 

ah, sim, isto é tudo muito divertido. mas muito triste também. muito mesmo. the future is so bright that we gotta wear shades.

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