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Admirável mundo novo

Na cabeça de Poul Thomsen, cortar a TSU em 8pp vai revolucionar a economia portuguesa. Como? ninguém sabe. Porquê? um mistério. Qual a dimensão exacta dessa revolução? não interessa. Estamos perante uma revolução, e, como o Carlos Vidal facilmente poderia explicar, as revoluções não se avaliam - fazem-se. Independentemente do voluntarismo ideológico do senhor Thomsen, não consta que o memorando obrigue o governo português a aceitar todas as efabulações deste burocrata. O acordo impõe um corte, é certo, mas este corte tem de satisfazer determinadas condições, e por isso o memorando determina: estude-se. Pois bem, estudou-se. E o que o estudo publicado pelas finanças nos diz é que, mesmo recorrendo a hipóteses delirantes que sobrevalorizam os seus efeitos positivos, um corte de 4pp na TSU aumenta o PIB potencial em meio ponto. Repito: meio ponto. Ou seja, não só se vislumbra qualquer revolução, como esta brincadeira tem custos e riscos muito elevados. Ou seja, os autores do estudo, apesar de não o dizerem de forma explícita, fazem o possível para que todas as pessoas que não ficam em transe quando ouvem a palavra corte na TSU concluam que esta medida é um perfeito disparate. Mas Thomsen não desarma. Não se pode dizer que discorde do estudo, porque não se lhe conhece qualquer comentário ao seu conteúdo. Thomsen aparenta estar plenamente convencido que estamos perante um game changer, e portanto o estudo é irrelevante. Se for este o caso, é Thomsen, e não Portugal, quem não está a cumprir o acordado. Por tudo isto, o governo português tem a obrigação de usar o texto que assinou e o estudo como armas para defender os interesses de Portugal e, com isso, resistir aos desejos do senhor Thomsen. Se o FMI tem um estudo que justifique este corte, então tem o dever de divulgar esse estudo. Só aí, e só depois de avaliados os argumentos do FMI, poderemos discutir cortes. Até lá, resta dizer que os portugueses não são cobaias e que Portugal não é um playground onde o senhor Thomsen tem a liberdade de pôr em prática as suas fantasias.

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