Sair do euro: um desígnio nacional?
Imaginemos que uma parte substancial da nossa dívida - digamos, metade - se evaporava no ar.
Ficariam os nossos problemas resolvidos?
Provavelmente não, visto que, permanecendo inalterado o enquadramento institucional da zona euro, a política económica geral europeia permaneceria inalterada. Ora ela tem-nos sido sistematicamente prejudicial.
A Zona Euro manteve até 2007 taxas de juro demasiado baixas para Portugal, que potenciavam o crescimento descontrolado do endividamento. Fê-lo, porque isso era do interesse da Alemanha.
Desde 2007, a Zona Euro impõe-nos taxas de juro demasiado elevadas, que agravam a recessão e o desemprego em Portugal. Fá-lo, porque isso é do interesse da Alemanha.
As duas décadas decorridas desde o lançamento do Sistema Monetário Europeu demonstram à saciedade que nós não estamos aqui a fazer nada. É hoje mais que evidente que a pertença à Zona Euro não tem para nós nenhuma vantagem e tem todos os inconvenientes.
O país deixou de ter política monetária e cambial própria, perdeu controlo sobre a sua política fiscal e ficou muito condicionado nas suas políticas industriais. Numa palavra, prescindiu da sua soberania entregando poder de decisão a quem não acautela minimamente os nossos interesses.
Tudo isto é hoje óbvio, tal como é óbvio que, descontando a eventualidade de uma reforma do Euro cada vez mais improvável, o futuro imitará o passado.
Escusam de me explicar que a saía da zona euro não é de momento possível, porque eu proponho apenas que essa opção seja seriamente encarada e estudada.
Quanto ao momento adequado, ele virá quando se tornar claro que os elevados custos de ficar são afinal superiores aos elevados custos de sair.