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Eleito secretário-geral do PS em 22/23 de Julho, Seguro parece ter decidido rivalizar com Passos no afastamento da ribalta política até ao início de Setembro. Um período estival, é certo, mas no qual o Governo se estreou com uma série de medidas brutais. Guardando-se para a rentrée e para o congresso do PS - inexplicavelmente escolhido para o décimo aniversário do 11 de Setembro -, Seguro pode ter querido mostrar que se preparou para uma oposição ponderada, mas correu o risco de dar a ideia de moleza e hesitação.

 

Regressado, quis vincar a sua "diferença" em relação ao PSD e ao Governo e também, de modo no mínimo bizarro, quando não mesmo nebuloso, ao seu próprio partido, anunciando "uma forma de fazer política diferente, com ética e transparência" (sob pena de ser opaco, não quer elaborar sobre de que opacidade e imoralidades fala?) e a assinatura de "um código de ética" por parte dos membros do secretariado (é preciso assinar códigos para se ser ético? Que se passou para isto ser preciso?). Foi feliz em algumas distinções entre a sua visão e a adoptada pelo Governo, nomeadamente no que respeita à atitude perante os mais desfavorecidos. Mas, após tão prolongado silêncio, deveria demonstrar como a sua diferente ideologia se traduziria na prática - desde logo, nos cortes: onde, quais, como, quando. Disse isso mesmo, que para cada crítica ao Governo o PS apresentaria propostas, dando um exemplo: alargar o imposto extraordinário às empresas com lucros acima de dois milhões de euros para obstar à subida do gás e electricidade de 6% para 23%. Isso evitaria aumentar o IVA nesses consumos, garante - "este ano". Oposição construtiva, sem dúvida, até acrescentar: "O Governo pode evitar um aumento sobre bens essenciais que vai penalizar as famílias, em particular as mais desfavorecidas." Seguro não só sabe que o memorando estabelece, para 2012, um aumento (não quantificado) para o IVA nesses bens e que portanto o Governo não o pode evitar, como não ignora que mesmo passando o imposto para a taxa intermédia (de 6% para 13%) o acréscimo é de mais de 100%. Como afirmar que se pode evitar a penalização?

E que pensar da sua exigência de que o Governo cumpra as suas promessas eleitorais, "cortando mais nas gorduras e consumos intermédios"? Estará a ser irónico ou preconiza mesmo que é possível chegar às metas do memorando dessa forma, assumindo assim a cartilha eleitoralista PSD/PP? E quando fala dos 700 mil desempregados e da saída de jovens para o estrangeiro, acusando um Executivo com dois meses e pouco de nada fazer para obstar a isso? Momentos houve do discurso de Seguro em que se diria estar a ouvir os de Passos e Portas pré-5 de Junho.

 

"É preciso esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares", diz o secretário-geral do PS. "As palavras em política estão gastas." Seguramente, devia ouvir-se mais.

 

(publicado hoje no dn)

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