Se isto não é um plágio...
Certamente no âmbito do programa das comemorações de mais um aniversário da Coluna Infame, as actuais colunas na imprensa de dois dos seus antigos escribas foram plagiadas. Um texto de João Pereira Coutinho foi reciclado por Rui Cartaxana e outro de Pedro Lomba regurgitado por Jorge Ferreira. Este último caso teve um desenvolvimento curioso.
Ferreira nega o plágio e parece ter amigos alucinados, a julgar pelo que se lê na caixa de comentários que acompanha o seu post e pelo seu remate, em tom vagamente ameaçador: "... dou este lamentável assunto por encerrado, apesar dos muitos conselhos que tenho recebido em contrário".
Uma simples análise é suficiente para mostrar que os dois primeiros parágrafos de Ferreira são reescritos a partir da crónica de Lomba, segundo o método de meter umas buchas e trocar umas expressões por outras equivalentes. No texto de Ferreira, indico a negrito as partes idênticas ao original de Lomba e sublinho as simples substituições que mantêm a estrutura das frases.
"Há uns anos, numa notícia de 2 de Maio de 2005, o Diário de Notícias dava conta de que o grupo Tertir pedia ao Governo que clarificasse a sua posição sobre a localização da actividade portuária, porque estava insatisfeita com a ideia de ter de deslocar o terminal portuário para fora de Lisboa a fim de se "devolver" a área ribeirinha à população. Convém notar que a Tertir era então proprietária da Liscont e, para além de temer os custos inerentes à construção de uma nova central de contentores, tinha interesse natural em renovar a concessão do terminal de Alcântara. É escusado acrescentar que o Governo não clarificou nada, sempre sob o pretexto de que a área ribeirinha seria libertada para se tornar no espaço de lazer e liberdade que os lisboetas esperam há décadas".
Pedro Lomba, 16.10.09
"Vai para três anos, soube-se que o grupo Tertir pedia ao Governo que clarificasse a sua posição sobre a localização da actividade portuária, porque estava insatisfeita com a ideia de ter de deslocar o terminal de contentores portuário para fora de Lisboa. Estava na altura em causa a meritória ideia de "devolver" a área ribeirinha à população de Lisboa. A Tertir era então proprietária da Liscont e, para além de não desejar suportar os custos inerentes à construção de uma nova central de contentores, tinha óbvio interesse na renovação da concessão de Alcântara. Claro que a Tertir ficou sem resposta, o Governo calou-se muito bem caladinho, sempre brandindo o ideal da libertação da zona ribeirinha para uma nova era de lazer, a que de resto os lisboetas aspiram há décadas".
Jorge Ferreira, umas horas depois.
Ora bem, das 129 palavras do texto de Ferreira, 73 são copiadas sem alteração do texto de Lomba. Se considerarmos as simples alterações (os sublinhados), então 100 palavras são copiadas. Curiosamente, pelo colorido, adjectivação e criteriosa escolha verbal, as 29 palavras que compõem o fragmentado sotto voce de Ferreira destoam do estilo do plagiado e nelas se sente o pulsar de um político, o que não deixa de ser um feito literário notável. Ora imaginem que estão num comício e que o vento forte só vos faz chegar algumas das palavras proferidas do palanque:
Estava na altura em causa a meritória ideia de...

