Ontem, num documentário que passou na SICN ("A minha viagem à Coreia do Norte", penso ser este o título), vi imagens de escolas e jardins de infância na Coreia. Escolas absolutamente "perfeitas", equipadas com material pedagógico inacreditável, crianças muitíssimo bem comportadas e cujos talentos (musicais, por exemplo) eram devidamente explorados a partir dos 3/4 anos de idade. E ao longo do visionamento não consegui deixar de me arrepiar, o que estava ali a ver eram escolas onde disciplina e rigor eram palavras-chave, onde a autoridade nunca era contestada e o resultado eram pequenos robots acéfalos, sem espírito crítico que se limitavam a papaguear a doutrina que lhes era imposta...
No Público, também de ontem, foi publicado um trabalho sobre a so called liberdade de escolha na educação. Para já deixo ficar as numerosas afirmações incorrectas feitas no texto principal e concentro-me numa pequena frase de Bárbara Wong escrita numa "caixa" paralela:
"No entanto"?! Como vi escrito por alguém "pretinhos mas asseadinhos", é isso? Será que a senhora tem consciência do preconceito e racismo implícito que domina o que escreveu?
Bárbara, no contexto daquele parágrafo a expressão "no entanto" é racista e preconceituosa. Dê a volta que quiser dar. Acredito, pelo que tem escrito, que foi apenas uma expressão que utilizou sem se dar conta do efeito que deu à frase. Acho que como jornalista deve ser mais cuidadosa (não leve isto como um insulto ou coisa que o valha).
Acredite que a intenção não é ser preconceituosa! é tão só a previsão das expectativas (que se esperam para uma população com aquelas características) sairem goradas e saem porque o trabalho é muito direccionado para aqueles alunos. Senão, para que existiriam as magnet schools? Se quiser, parte-se do pressuposto que aqueles vão ser maus alunos, que aquela população é dificil e faz-se um trabalho diferente - juntam-se os piores aos melhores, está lá escrito. Fazer esse trabalho é um preconceito? Querer mudar a história daqueles miúdos é um preconceito? Sinceramente, acho que não. BW
olá, bárbara. tendo lido os seus trabalhos sobre as escolas com contrato de assiciação no público, ñ precisava de ler o q escreveu no blogue para saber a sua opinião. em todo o caso, deixe-m dizer-lh q aquilo q apresenta como uma vantagem das magnet schools -- o juntarem, nas suas palavras, 'os piores c os melhores' -- é exactamente aquilo q declaradamente critica na escola pública: a mistura. o q é no mínimo interessante.
Cara f. o que escreveu é grave. Eu não condeno a mistura dos piores com os melhores! Eu acho que esse é o ponto ideal, desde que haja condições para todos progredirem, os bons e os menos bons. A escola é para todos e deve ser igual para todos, com a ressalva de não procurar nivelar todos por baixo, mas por cima! As escolas com contratos de associação têm por obrigação receber todos os alunos. Se não o fazem, cabe à IGE (enquanto existe) identificar esses casos. Quando foram conhecidos os resultados do estudo feito sobre as mesmas, o PÚBLICO noticiou-o. Eu ouço sempre as versões todas, é isso que faz de mim jornalista, ouvir e escrever sem deturpar o que me dizem. Nunca tive uma queixa que fosse de faltar à verdade, de não ouvir as partes, de dar uma só versão da história, etc. Deixe-me dar-lhe um exemplo concreto: quando escrevo sobre rankings nunca escrevo "a melhor escola", "a pior escola", escrevo sempre "a escola com melhores resultados", ressalvo sempre se é uma escola pública, se é privada, que tipo de alunos recebe, etc, faço sempre uma caracterização que permite ao leitor tirar as suas conclusões. Outro exemplo, quando escrevo sobre educação sexual, ouço todos - dos que são fãs do método das temperaturas aos do preservativo (assim, de um modo grosseiro), é essa a minha função, concorde ou não com uns ou com outros. Há uns anos, quando fazia um desses trabalhos ouvi queixas sobre si, nesse dia o que disse é que não acreditava, que tinha a certeza que a f. não o fizera, porque enquanto jornalista, mesmo não concordando com eles, não poderia fazer de outra maneira! BW
bárbara, ñ sei o q é q é grave no q escrevi. é ter dito q s percebe o q a bárbara pensa quando se lê o q escreve sobre a matéria das escolas públicas v/s privadas? ou é ter dito q declaradamente é a favor de ñ haver 'misturas'? é q isso está mto claro no excerto do seu blogue q a shyz publicou aqui. e se ñ é essa a sua ideia então explica-se mal. quanto ao resto: ñ é por eu ser jornalista, como ñ é por a barbara ser jornalista, que temos de agir jornalisticamente, ou seja, ouvir todos interesses atendíveis e permitir o contraditório. todos os dias leio e vejo notícias em q isso ñ é observado. daí q ñ perceba a lógica daquilo q diz, ou melhor, q insinua. ou a barbara acha q conhece o meu trabalho jornalístico e q eu sigo as regras, e nesse caso dirá q ñ acredita q eu ñ as tenha seguido -- caso em q a menção das 'queixas' é um bocadinho, digamos assim, estapafúrdia -- ou a barbara nada sabe do meu trabalho e portanto ñ pode afirmar a ninguém q eu ñ fiz qq coisa pouco deontológica. aquilo q afirmei, afirmei em relação ao seu trabalho q li. não disse que era mau ou bom; disse q se percebia, nos trabalhos jornalísticos q fez, a sua opinião: a barbara defende os contratos de associação. eu por exemplo defendo a educação sexual nas escolas e é bem possível q isso se perceba nos trabalhos jornalísticos q faço. daí não decorre que não oiça os interesses atendíveis, ou q não procure colocar nos trabalhos todos os aspectos ou ouvir todos os 'lados'. decorre, apenas, q m chamam 'jornalista de causas' porq ñ faço segredo do q penso. a barbara pelos vistos tb não. mas, engraçado, nunca a vi descrita como jornalista de causas. é curioso, ñ é?
As escolas com contratos de associação são escolas de gestão privada que oferecem um serviço público. Se não o fazem, repito, cabe à IGE identificar. Eu não sou uma jornalista de causas, nem pretendo ser! É que é mesmo uma coisa que não faz parte dos meus planos! Eu sou uma jornalista que ouve todas as causas e que escreve sobre as mesmas sem tomar partido. Se o tomo no meu blogue é uma opção minha, mas não confundo com o meu trabalho e tenho tido essa capacidade de separar as águas. Ainda que a f. diga que, quando me lê, ache que não, é como lhe digo, não tenho uma única queixa que vá nesse sentido. BW