Saramago
Poderia ter feito uma pesquisa geral no Google, mas asseguro-vos que fui especificamente à procura dos links que se seguem, por ilustrarem três encontros acidentais, no mundo anglófilo, que tive nos últimos dias com Saramago. O primeiro é uma referência ao Ensaio sobre a lucidez durante uma conversa entre Slavoj Zizek e Steven Lukes. O segundo é o filme Blindness, baseado no Ensaio sobre a Cegueira. O terceiro, a crítica de James Wood a As intermitências da Morte, na The New Yorker. O que me pareceu extraordinário foi estes livros serem da fase (ainda mais) tardia de Saramago, que entre os seus leitores portugueses mais antigos creio não ser a mais popular (sem querer fazer de mim exemplo, conclui o Ensaio sobre a Cegueira com prazer, aborreci-me a meio com as Intermitências e não cheguei a pegar no outro Ensaio). Pode ser que o Saramago das alegorias tenha um apelo universal e que o encanto que James Wood parece experimentar perante a sua prosa só desapareça ao fim de uns romances. Uma coisa é certa: o Nobel foi há 10 anos e a reputação de Saramago não mais parou de crescer. Sem pretender fazer do facto um argumento literário, estamos perante um sapo difícil de engolir para muitos compatriotas.

