Escolas públicas e escolas privadas: o que nos diz o PISA? Que a vantagem do privado é marginal
Os rankings das escolas estão aí outra vez. A classificação volta a dar uma imagem negativa do sector público por relação ao sector privado. Logicamente, os rankings não tomam em conta as inúmeras variáveis que podem ajudar a explicar as diferenças, a começar pelos recursos culturais e económicos das famílias dos alunos portugueses. Para compreender as diferenças entre sector público e privado, são um péssimo instrumento. Ora, aquilo que os rankings não conseguem fazer, faz o PISA.
O que nos diz o PISA da comparação do alunos nas escolas públicas com os das escolas privadas? Olhemos para os dados relativos aos anos de 2006 e de 2009. Só encontrei elementos relativos ao tópico que mais atenção mereceu em cada estudo: ciências em 2006, e leitura em 2009. Para começar, no PISA 2006 essa diferença entre o público e privado era favorável a este último em 24 pontos (a média da diferença na OCDE era de 25 pontos); e em 2009, para a leitura, a diferença, de novo favorável ao privado, era de 28 (a média na OCDE era de 30) [para 2009, confirmar os valores aqui, página 225, última coluna da tabela].
Quando o PISA ajusta estes resultados ao índice construído para avaliar as diferenças no estatuto social, económico e cultural dos alunos e das escolas, o que acontece à vantagem do privado? Ela reduz-se fortemente. Dos 24 pontos de diferença em 2006 nas ciências, ela cai para 9 pontos. Dos 28 pontos de diferença em 2009 na leitura, ela não ultrapassa os 4 pontos [para 2009, confirmar os valores aqui, página 226, última coluna da tabela].
A vantagem dos resultados alcançados pelos alunos do ensino privado sobre os do público é, por isso, marginal.