Fazer sem querer aquilo que os marxistas fazem de propósito
Highlighting the region’s deteriorating economic prospects, seasonally-adjusted unemployment in the 17-country region rose to 16.2m in September, 188,000 higher than in August and the highest since comparable data started in the late 1990s, reported Eurostat, the European Union’s statistical office. It was the biggest monthly rise in two years (Financial Times)
Enquanto o Eurostat informa que o desemprego na zona euro continua a subir e atingiu o valor mais elevado desde a criação da moeda única, os principais líderes europeus (e o governo português) continuam a achar que o problema se deve à falta de empenho na consolidação das finanças públicas e reafirmam o seu compromisso com as políticas de austeridade. Que a incerteza nos mercados, nas empresas, nos consumidores e nos trabalhadores se possa dever a esse tipo de política é coisa que não entra na cabeça de quem governa a Europa (e o país).
Numa das suas idas ao Parlamento, Vítor Gaspar citou Keynes - 'os aliados fazem sem querer aquilo que os marxistas fazem de propósito' - para criticar aqueles que criticam a obsessão europeia com as políticas de austeridade. Citou mal. Keynes estava convencido que a política de reparações de guerra que os aliados tinham imposto à Alemanha iria destruir a própria Europa. Hoje, se fosse vivo, Keynes diria algo semelhante sobre a resposta europeia à chamada crise das dívidas soberanas. A citação de Keynes, afinal, aplica-se ao próprio Gaspar.

