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Delors, o mestre

Foi em 1969 que pela primeira vez se assumiu na CEE o propósito de criar um sistema monetário europeu.  O relatório Werner, apresentado em 1971, propunha que a união fiscal precedesse a monetária, evoluindo-se gradualmente para a redução da margem de variação das cotações das diversas moedas e para a coordenação das políticas macroeconómicas. Não estava prevista a constituição de um Banco Central Europeu, mas a de um “sistema de bancos centrais”.
Em 1978 a questão renasceu pela mão de Giscard d’Estaing e Helmut Schmidt, sendo o Sistema Monetário Europeu oficialmente criado em 1979. Os acordos então assinados indicavam explicitamente que os países cujas moedas se valorizassem deveriam adoptar políticas expansionistas para facilitar o reequilíbrio cambial.
Mas o Banco Central Alemão opôs-se e as coisas ficaram por aí.
No final dos anos 80, a comissão Delors cedeu em toda a linha às pretensões da Alemanha: os países com políticas excessivamente restritivas não seriam forçados a fazer ajustamentos; seriam impostos limites aos défices orçamentais nacionais; os movimentos de capitais seriam totalmente liberalizados sem restrições logo no início do processo; o banco central europeu não seria autorizado a financiar directamente os défices dos países membros; a autoridade monetária seria completamente centralizada no banco europeu.
Do projecto de união fiscal proposto no relatório Warren, nem rasto.
Por outras palavras, as primeiras versões do projecto da moeda única europeia incluíam quase tudo o que agora se diz que lhe falta: união fiscal, união política, flexibilidade numa fase de transição, euro-obrigações e um emprestador de última instância.
Quem definitivamente liquidou todas essas boas ideias foi Delors, que muitos teimam em apresentar como o modelo do grande estadista europeu.

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