A opacidade do BCE
A falta de transparência do BCE é uma questão que se coloca com mai premência a cada dia que passa.
Ao que parece, houve nos últimos dias uma rápida mudança na sua atuação, sem que se compreeenda muito bem quais o seu contexto, sentido e consequências.
Na semana passada, desatou a emprestar aos bancos em larga escala, reduzindo as exigências de garantias colaterais. Porém, os bancos socorridos, em vez de emprestarem os fundos obtidos, voltaram a depositá-los no banco central, mantendo as economias à míngua.
Por outro lado, reafirmou a sua recusa em emprestar diretamente aos estados. Todavia, as baixíssimas taxas de juro conseguidas ontem pelo estado italiano, em manifesta divergência com a tendência registada no mercado sevundário, sugerem uma intervenção do BCE nos bastidores, tomando de imediato os títulos aparentemente adquiridos por instituições bancárias.
Mais do que a racionalidade destas operações, ficam por esclarecer as prioridades do BCE, designadamente no que toca à desigual diligência de que dá provas consoante o país e a cor política do governo que se encontra em dificuldades.
Já se sabe que o desmoronamento da Itália teria consequências gravíssimas para a zona euro, mas, no quadro da UE, não é aceitável que certos países e orientações políticas beneficiem de tratamento preferencial.
O BCE faz lembrar a nomeklatura soviética no seu desprezo pela opinião pública democrática e pelas instâncias eleitas da UE. A sua atuação encontra-se envolta num denso nevoeiro, prestando-se a todas as interpretações estimuladas por boatos provenientes das salas de trading.
Isto não pode continuar.