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Et tu, Standard & Poors

O comunicado da S&P sobre as decisões da última sexta-feira é arrasador para a Zona Euro. A S&P reconhece que a principal causa da actual crise são os desequilibrios macroeconómicos entre países da zona euro, não as finanças públicas e o despesismo, e que a austeridade pode ser contraproducente. E conclui o óbvio: nada do que foi decidido na Cimeira de dia 9 de Dezembro permite abrir caminho para superar a crise, promover o crescimento ou combater o desemprego - antes pelo contrário. É a incapacidade dos actuais líderes europeus em reconhecer a natureza desta crise que preocupa a S&P e que justifica a razia nos ratings. Vítor Gaspar, em vez de aproveitar a deixa e usar a S&P como aliado para defender mudanças na política europeia, faz exactamente o contrário:

O Governo português confirma a sua determinação em participar na construção de uma união económica mais forte, em particular através da execução das decisões ambiciosas tomadas pelos Chefes de Estado e de Governo na Cimeira da área do euro de 9 de dezembro. Tais decisões abrem caminho ao desenvolvimento dos mecanismos necessários para superar a crise, garantir a estabilidade das finanças públicas e assegurar o regresso a uma trajetória de crescimento e de criação de emprego na área do euro.

Esta resposta é um desastre. É o que dá ter como ministro das finanças alguém que dedicou toda a sua carreira a defender as ideias que fundamentam a actual arquitectura institucional da zona euro, que acredita convictamente na narrativa da culpabilidade dos devedores e que, por isso mesmo, defende a necessidade da expiação e da regeneração dos que violaram o Pacto de Estabilidade e Crescimento como solução única para a crise actual. Mas Gaspar não se limita a discordar da avaliação que a S&P faz da actual política europeia. Ele também não percebe como é que essa avaliação pode justificar a descida do rating português:

No entender do Governo, a decisão corresponde a uma quebra metodológica significativa. Na verdade, a S&P parece ter substituído a sua análise individualizada por país por uma análise sistémica baseada na área do euro, da qual decorrem avaliações que não refletem adequadamente as realidades nacionais.

Substituir a análise individualizada por uma análise sistémica baseada na área do euro revela bom senso por parte da S&P. Significa que a S&P, apesar de todos os seus defeitos, não perdeu completamente o contacto com a realidade e, finalmente, se juntou ao clube dos que pretendem analisar uma crise sistémica...de forma sistemática. Esta quebra metodológica, que rejeita a tese da culpabilidade dos devedores como explicação para a crise, devia interessar a Portugal. Mas, infelizmente, não interessa a Gaspar e, aparentamente, também não interessa a este governo que quer ir para além da Troika.

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