Sugestão: não se queixe à Ilga, peça informação*
Assim à laia de "antes da ordem do dia": se a homossexualidade não é (não deve nem pode ser) fonte de direitos também não pode ser, de per si, fonte de falta deles. A aprovação do casamento de pessoas do mesmo sexo é disso exemplo. Defendo que a ninguém pode ser negada a possibilidade de, tal como eu, poder decidir não querer casar, ora para que tal seja uma realidade é necessário que a possibilidade de casar exista.
Agora o tema. Com a legitimação legal da adopção por casais homossexuais não é o reconhecimento social da homossexualidade que está em causa. Nem a qualidade parental depende da orientação sexual nem a homossexualidade depende do reconhecimento social, existe, ponto. Casamento e parentalidade são coisas diferentes, como a lei portuguesa bem o prova, aliás, ao permitir a adopção de crianças por homossexuais solteiros, por exemplo.
Se, como de resto o Pedro afirma no texto, não é a orientação sexual que determina a qualidade parental, como baralha a defesa do interesse da criança com a orientação sexual dos progenitores? Mais, estas crianças, filhos biológicos e adoptados de pais homossexuais, já existem e a sua ética pessoal e a sua saúde mental não são de pior qualidade que a dos filhos de heterossexuais (aqui está alguma informação sobre o assunto mas há mais, bastante mais, espalhada pelo Jugular). A que preço se refere? Estigmatizante é uma lei obrigar uma criança a omitir uma realidade que é a dela.
E a cereja em cima do bolo é a dos "papéis masculino e feminino definidos". De que falará exactamente, será deste género de patacoadas? Mais, onde foi buscar a ideia de que a formação de uma personalidade se resume a um dever e um direito dos pais? Análise simplista, deixe-me dizer-lhe, patética e pouco informada. Imagine só que, sendo solteira, tenho um projecto de vida "estável e claro", para além de uma filha com uma personalidade sintónica criada numa família monoparental.
Adenda: Só para acrescentar mais este link e um pequeno comentário. Homossexuais conservadores é o que para aí não falta, Pedro, como muito bem sabe, sai-lhe furada, por isso, a ironia com que terminou a sua crónica.