Não apoquente o deus com minudências, prefiro ser salva da desonestidade, da incoerência e da demagogia
Carradas de graça que isto tem. O Pedro Picoito que tanto se amofinou um destes dias numa caixa de comentários quando alguém o tomou pelo todo de um blog colectivo, de tal modo que escreveu este blogue não responde como um grupo porque aqui as pessoas pensam pela própria cabeça.(...) Liberte-se de preconceitos. Areje-se. (...) sei que lhe custa um pouco a entender mas eu não sou o Pedro Pestana Bastos. Não vale a pena continuar... não falo por ele nem ele fala por mim (os sublinhados são meus) é, pasme-se, o mesmo Pedro Picoito que vem agora fazer exactamente o mesmo. Enfim, adiante, não sem recordar que José Carlos Palha escreveu um artigo de opinião e, ao contrário de Assunção Cristas e de Telmo Correia, não é ministro nem deputado, com todas as implicações que esses dois estatutos têm. Mais, como se pode confirmar, encimei a citação do texto de José Carlos Palha que tanta comichão fez ao Pedro com a frase 'Deixo, também, um curioso texto assinado por José Carlos Palha, pediatra católico, saído no Público a 17.1.20'
Quanto ao resto, bom, quanto resto só espero que o post de hoje não seja a resposta à promessa que me fez de tentar desenvolver isto - os malefícios da adopção por casais homossexuais - num post à parte. E deixe-me fazer-lhe uma sugestão, para quem acha que a este propósito Invocar Cristo é pôr em causa a laicidade e o pluralismo que deveriam pautar o espaço público. Em democracia, nenhuma opinião particular pode recorrer ao privilégio da revelação divina, deve procurar melhores, e mais actuais, referências bibliográficas* que as vindas da Family Research Council, em particular pela mão de George Rekers. Uma carta ao editor da Pediatrics, com 10 anos, também não me parece a melhor das sustentações, mas você lá saberá.
Adenda: Ainda aqui volto porque fiquei a matutar numa coisa e gostava de perguntar ao Pedro Picoito se, na sua opinião, são admissíveis visões cristãs sobre a adopção que, tendo o superior interesse da criança como base, não a considerem inadmíssivel. Dito de outra forma, não lhe parece que o cristianismo admite, na pluralidade de visões que ele abarca e na impossibilidade de alguém se arrogar a revelação divina, que haja cristãos que considerem que o superior interesse da criança passa necessariamente pela impossibilidade legal de adopção por casais do mesmo sexo e que haja cristãos que considerem que o superior interesse da criança não tem de passar por essa impossibilidade, sem que se possa dizer à partida e com rigor, de uns ou de outros, que estão a violar os princípios cristãos? Antecipadamente grata pela resposta.
T.J. Dailey, "Homosexual parenting", Family Research Council, Oct. 2001
A. Martín Ancel, "Adoption by same-sex parents", Pediatrics, 2002, 110.