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ILGA: pedido de direito de resposta à RR

Ao abrigo do direito de resposta e de retificação da Lei da Rádio, e em relação à crónica de Pedro Picoito emitida no programa de informação “O principio e o fim” do passado dia 11 de março, a Associação ILGA Portugal solicitou a leitura e emissão do seguinte texto:

 

"Para ganhar o argumento da verdade científica, Pedro Picoito foi buscar estudos: mas não uns estudos quaisquer. Apoiou-se em investigações feitas há dezenas de anos, quando há investigação bem mais recente; ou conduzidas por pessoas que pela sua conduta foram desacreditadas cientificamente pelos pares, quando há investigadores de renome e unanimemente respeitados nos seus métodos científicos; e, claro, não fez qualquer cerimónia em descontextualizar informação, pervertendo-a totalmente, nem em retirar conclusões abusivas que os próprios estudos não permitem.


Acontece que o consenso científico é absolutamente claro e transversal às áreas do saber no que toca às capacidades parentais de pessoas LGBT; e tanto assim é, que os maiores e mais respeitados colégios ou ordens profissionais do mundo são muitos claros na sua posição: é a qualidade das relações parentais e não o formato da família ou a orientação sexual dos pais ou mães que determinam o bem-estar das crianças. National Association of Social Workers, de assistentes sociais; American Academy of Child and Adolescent Psychiatry, de psiquiatras infantis e da adolescência; American Academy of Pediatrics, de pediatras; American Psychiatry Association, de psiquiatras; American Psychological Association, de psicólogos são apenas algumas das instituições que reúnem milhares dos mais respeitados profissionais, que têm acesso a toda a investigação científica que é feita e não têm qualquer hesitação em aconselhar os Estados a legislar no sentido de proteger estas famílias. Foi também, aliás,  este o consenso largamente partilhado na conferência internacional “Famílias no Plural: alargar o conceito, largar o preconceito” pelos vários investigadores, portugueses e estrangeiros, presentes no ISCTE em outubro passado.


As preocupações expressadas por Pedro Picoito em relação ao ambiente familiar não deixam de ser importantes – é fundamental de facto o Estado conseguir apurar a que tipo de ambiente familiar está a entregar uma criança quando esta é adotada. Mas, mais uma vez, é de má fé que usa argumentos violentos e insultuosos para as muitas pessoas gays e lésbicas, grande parte das quais são, aliás, já hoje bons pais e boas mães. É que os serviços oficiais responsáveis por avaliar uma família candidata a adotante devem – têm que ser – capazes de aferir se aquela família é adequada para aquela criança, e se possui as características necessárias para garantir um ambiente equilibrado. É, portanto, absolutamente relevante que esta avaliação seja bem feita, sempre, sejam os candidatos hetero ou homossexuais. É perigoso, além de obviamente preconceituoso e ofensivo, determinar apriori que um casal de pessoas de sexo diferente constitui uma boa família e um casal de pessoas do mesmo sexo será uma má. Não, os profissionais têm que saber avaliar sem margens para dúvidas – e sem preconceitos – as motivações e capacidades parentais de todas as famílias, da mesma forma.


Na ânsia de provar o seu argumento, Pedro Picoito – e a rádio renascença, ao veicular a sua mensagem – não fazem qualquer cerimónia em insultar violentamente milhares de famílias portuguesas. É que as famílias com pais ou mães que são lésbicas e gays estão cá, em Portugal também, há anos e anos. É também as nossas crianças que atingem quando veiculam preconceitos e não têm qualquer pudor ético em tentar manipular informações. Acontece que as nossas famílias são baseadas no amor, não no ódio. E por amor aos nossos filhos e filhas, não permitimos que sejam insultadas desta forma.

 

(Via ILGA Portugal)

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