'o Pedro Picoito nunca apelaria à violência contra ninguém'
evidente: qualquer pessoa que 'tenha à perna' uma associação de defesa dos direitos de lésbicas, gays, bissexuais e transgénero só pode ter feito coisa boa; e isso não tem nada de agressivo em relação aos direitos dessas pessoas, a ideia de que qualquer coisa que se diga ou faça que resulte numa reacção de quem lhes defende os direitos é de louvar. de resto, sustentar, como fez picoito, que 30% das crianças criadas por casais do mesmo sexo são 'vítimas de pedofilia' (entre outras idiotices que me eximo de citar) -- adorava vê-lo a fazer as contas em relação às famílias constituídas por casais do mesmo sexo com crianças num país como os eua e concluir pelo número de menores abusados que isso significa, cotejando-o com a evidência existente, mas é o fazias -- é daquelas afirmações que não contêm em si nenhum tipo de apelo violento e caem, claramente, no capítulo 'opinião' e 'liberdade de expressão', pois claro.
violência e difamação seria a gente dizer que a hierarquia da igreja católica andou décadas a proteger e a esconder padres abusadores e que essa atitude fez milhares de vítimas -- que horror, cada padre é um padre, não podemos generalizar e muito menos culpar 'a igreja católica' por aquilo que uns milhares de padres, freiras e monges fizeram. e muito menos dizer que com base na observação a olho nu a probabilidade de uma criança ser abusada por um membro da confraria do clero é percentualmente muito maior que a de ser abusada por outra profissão qualquer, quiçá porque a confraria lhe exige que recalque o seu desejo sexual. teríamos talvez de concluir, assim, que uma das fontes privilegiadas de abuso de menores é, não uma vida sexual rica e variada (aquela que os picoitos imputam aos 'homossexuais', claro, num tsunami de parceiros -- e com certeza que a prostituição feminina se fez para servir o contingente de lésbicas esfomeadonas, olaré) mas o contrário disso. e, por decorrência, que os padres e as freiras dão os piores pais e mães do mundo, pelo que todas as instituições católicas deviam ser proibidas de receber crianças. isto era, claro, se usássemos os instrumentos mentais que picoito usa para descrever e tentar influir na realidade: ódio e preconceito.
ódio e preconceito que também não dão nada bons pais, já agora. coitados dos filhos do pedro. imagine-se se calha um ou mais terem uma orientação sexual que o pedro acha 'errada' e conducente à pedofilia. imagine-se que um ou mais é transgénero. até dói imaginar.
e se o pedro achar que isto sou eu a insultá-lo, ou a meter-me na sua vida, bom, estou só a fazer o que o pedro acha que pode fazer com os outros. é a minha opinião, tá a ver? e por acaso bem mais cientificamente fundamentada que a sua.