Ideologia, diz ele dela. Não me cheira
Nota prévia: O Pedro Picoito acusa-me de ter enveredado "pela velha táctica de reescrever a história apagando o pessoal da fotografia". Gostava mesmo de perceber que história reescrevi eu e que pessoal apaguei da fotografia. Se não for pedir muito de que fotografia, já agora.
Também eu estou com limitações de tempo, vamos lá, por isso, ao cerne da discussão. O Pedro Picoito diz que não percebe onde fui buscar a sua confusão entre "identidade sexual" e "identidade de género". É fácil, lendo atentamente o que escreve, não é isso que pretende? Mas a confusão conceptual mantém-se, alargando-se de resto ao conceito de orientação sexual. Escreve o Pedro que "Os activistas LGBT não aceitam facilmente a ideia de que há graus de homossexualidade (orientação sexual) porque, para eles, a identidade sexual não é aquilo que uma pessoa faz, mas aquilo que uma pessoa é.". Reveja lá isso tudo e organize-se porque a identidade sexual refere-se ao que cada pessoa pensa sobre si própria e sobre a sua sexualidade, sobre as emoções e sobre o desejo que sente em relação aos outros, quaisquer outros, do mesmo ou do outro sexo. Quer isto dizer, então, que a identidade sexual não define a orientação sexual do sujeito, são coisas diferentes. O facto de eu ter uma experiência (fazer) uma experiência homossexual não questiona a minha orientação heterossexual - até a sedimenta, no sentido de perceber o que mais me agrada na cama, p ex - nem determina a maneira como me penso ou penso a minha sexualidade. Idem para o facto de eu amar mulheres - e amo, felizmente, algumas.
Eu não cato só fontes - afinal pode usar-se o termo, hein? - que me interessam e dou muita importância à qualidade dos autores, não vá por aí. E parece que a lógica às vezes o engana, o que é natural quando damos passos maiores que as pernas. O artigo que cita é bem interessante e em nenhum local do texto fala em graus de homossexualidade ou em tendências homossexuais, releia lá o artigo completo com atenção. Espero, de resto, que tenha servido para o ajudar a esclarecer a questão que aqui deixou "(...) é exactamente como a homossexualidade ser considerada uma doença pela OMS até certa altura e depois deixar de ser. Era antes? Deixa de ser depois? (...)" ao referir "It is suggested this evidence of a dimensional relationship between opposite sex-linked behaviours in childhood and degree of homosexual feeling in adulthood renders irrational the classification of such behaviours as a gender identity disorder of childhood when homosexuality in adults is not regarded as a disorder." - novos estudos sustentam novas definições nosológicas e reorganizações classificativas, em Psiquiatria como nas restantes áreas médicas.
De resto, o facto de nestas coisas se falar num continuum só prova, ao contrário do que a sua análise "lógica" o fez fazer, que não é possível essa estratificação percentual ou gradativa da orientação gradual. Um paralelismo fácil de compreender, daí a ele recorrer como exemplo explicativo, é a existência de um continuum entre o estado de saúde e de doença não me permitir dizer de alguém que está x% doente e y% saudável. Apelando à lógica, se alguém está saudável não está doente, se está doente não está saudável, o que não exclui a existência de continuum entre saúde e doença nem exclui a categorização de "doente" e "saudável", faço-me entender?
Aguardarei os capítulos seguintes, quiçá me consiga explicar como é que é essa coisa de gostar 73,68% de um gajo, ou 37,41% de uma gaja. Ah, e fico também na esperança que as minhas curiosidades sejam satisfeitas, gramo disso, sei lá.
Ps: Por razões óbvias - não tenho por hábito impôr-me a pessoas ou locais de onde fui proscrita - não posso defender-me nem argumentar em relação aos comentários que sobre mim, sobre o que digo ou sobre o que acham que digo são deixados no post do Pedro Picoito, o que não quer dizer que não o faça por não querer.

