Ideologia, diz ele dela. Continua a não me cheirar.
Lá continua o Pedro Picoito nas falsas asserções do que digo.
Desta feita começa por me explicar o uso que deu à expressão "lésbicas activas". Mais uma vez, para quem inicia um texto anunciando que o irá fundamentar cientificamente, tem graça este recurso a definições selvagens. Aplicando à expressão "mulheres heterossexuais activas" a lógica picoitiana conclui-se que ela deve ser usada "para distinguir entre as adolescentes que desenvolvem sentimentos heterossexuais, geralmente por influência de um ambiente favorável à heterossexualidade, mas sem os concretizar (e que podem até tornar-se homossexuais quando adultas), e outras adolescentes, com a mesma orientação, que se tornam heterossexuais quando sexualmente activas na vida adulta". É isto, não é? Que discurso digressivo e redondo para justificar o injustificável. Importante, contudo, é a constatação de que o Pedro, ao falar de ambientes favoráveis à homossexualidade, assume a existência de ambientes desfavoráveis - é contra eles uma das minhas guerras.
Por mais que o Pedro Picoito insista a minha discussão com o ele não assenta em dar "jeito" ou em "aceitação" - não sei se se revê nisso mas pelo meu lado é assim - e a guerra que travo é pela decência e pelas crianças. E lá está o Pedro Picoito todo baralhado outro vez, a homossexualidade - como a bissexualidade e a heterossexualidade - não é uma identidade, é uma orientação sexual. Mas do que eu gostei mesmo, mesmo foram os "papéis activo e passivo da relação heterossexual". Assim uma coisa tipo "bêêêje, vou pintar o tecto de bêêêje"? Há mais mundo para além do fazer de morta(o). Fiquei para aqui a pensar quem considerará o Pedro Picoito o passivo e o activo na prática simultânea de sexo oral por um casal - o vulgar 69, portanto. Não tarda ainda sou informada que o sexo anal é apanágio dos homossexuais masculinos. A fazer fé na norma heterossexual que o Pedro Picoito nos revela ter na cabeça muita coisa fica explicada. Espero francamente, por ele, que escreva estas coisas só por receio que os vizinhos o leiam e que a sua realidade prática seja diferente. Isso ou sofre do "síndrome do electricista"- formatação mental que leva a ver tudo sob a forma de fichas e tomadas*.
Muito gostava eu de saber o que é um "lapsus linguae freudiano". Enfim, adiante. Esta questão da capacidade parental discutida em paralelo com a adopção é, e deve ser, bastante clara. Aplicam-se aqui as mesmas normas e usam-se os mesmos instrumentos psicométricos e de avaliação da personalidade e do funcionamento que os usados na regulação do poder parental em sede de divórcio. Independentemente de como cada um desenvolve a sua capacidade parental, do que para ela contribui e onde vai beber, ela exerce-se na relação do progenitor com a criança e é isso que está a ser avaliado nos processos de adopção. Tantas vezes, felizmente, uma péssimas relação de casal não exclui uma excelente qualidade da relação parental individual. Recordo, também, que a avaliação da qualidade da relação parental se faz nos casos de adopção singular.
Para terminar dizer só que a minha crítica não é o Pedro tirar conclusões com base na literatura que consulta mas antes que as fontes consultadas e referidas não permitam essas conclusões. O que levará o Pedro Picoito a questionar a identidade "clara e estável" de um pai ou de uma mãe homossexuais? Com que sustentação diz que os casais homossexuais que se propõem adoptar não têm "identidades claras" e que são "mais instáveis"? Deixando de lado qualquer comentário aos autores em questão, como é que um trabalho que "se situa num plano diferente" daquele que se está a analisar permite concluir sobre esse plano? Para que serve fazer-lhe apelo? É o que eu digo, num determinado livro está escrito que todas as rosas são flores logo, pela lógica, eu posso tomar como óbvia a conclusão de que se a minha mãe é Rosa, a minha mãe é flor.
PS1: Deixo um link que permitirá ao Pedro Picoito aceder a um texto que é uma declaração de amor.
PS2:* tubrigada, Paulo.