Não percebo mesmo
De acordo com esta notícia, nos primeiros três meses deste ano «enquanto os hospitais públicos realizaram menos 6,7% atendimentos, o sector privado registou um acréscimo de utentes de 15% nas urgências.». Pode ainda ler-se que o referido aumento «"resulta da subida das taxas moderadoras e da abertura de novas unidades privadas que motivaram um crescimento da procura", avançou ao Diário Económico Teófilo Leite, presidente da APHP, realçando que "em alguns casos é mais vantajoso recorrer aos hospitais privados nas urgências, como nos casos de convenções com a ADSE ou com a GNR e PSP"».
No dia em que Paulo Macedo, depois de ter assinado um acordo com os representantes da industria farmacêutica, referiu que isso, só por si, não garante a sustentabilidade do SNS eu pergunto como é o que o Estado acaba por pagar duplamente cuidados de saúde e se configura como o grande cliente do sector privado da saúde. Há coisas que me ultrapassam completamente, uma delas é manter a Assistência na Doença aos Servidores do Estado (ADSE), o sistema que foi perversamente criado para adoçar a boca a quem ia para "as colónias" - de certo modo um sistema corporativ. Até parece que o Estado não acredita no seu sistema de saúde e, por isso, são gastos recursos económicos consideráveis que poderiam contribuir para a dita sustentabilidade do SNS.
A questão, entenda-se, não é a existência de hospitais privados mas a má gestão de recursos públicos. Definitivamente há coisas que eu não percebo mesmo.

