Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

jugular

Exmo Senhor Ministro da Educação...

Já que lhe falta a vergonha ao menos tenha coragem ... deixe-se de floreados e assuma de uma vez por todas que vai desistir de uma parte dos miúdos.

45 comentários

Daniel João Santos 31.05.2012

Estatuto do Aluno e Ética Escolar, pode não valer um chavo, mas que tem um nome imponente lá isso tem.
David Crisóstomo 01.06.2012

gostava de saber o que raio é a "Ética Escolar", no sentido em no que é que se difere da Ética dita "regular" e quem raio o João Casanova de Almeida pensa que é para a vir ditar a quem quer que seja.
Isto dum governo andar a determinar "éticas" especiais para cada meio social em particular faz-me pensar em nomes feios, no mínimo.

Maria Gomes 31.05.2012

Presumo, então, que encontrou a solução ideal. Já agora, adorava que partilhasse connosco.
Joachim 31.05.2012

A solução ideal é este arremedo de escravatura.
Sempre se vão habituando.
jpferra 01.06.2012

E se não tiver a solução ideal, isso quer dizer que não pode discordar e criticar?

David Crisóstomo 01.06.2012

"Quanto à responsabilização anunciada dos encarregados de educação pela falta de assiduidade dos filhos esta passará pela promoção de uma “forte censura social”, indicou o secretário de Estado do Ensino e da Administração Educativa, João Casanova de Almeida. Ao princípio da noite, o Ministério da Educação e Ciência adiantou em comunicado que esta "censura" pode levar "à redução de apoios sociais à família ou a contra-ordenações", conforme fora já antecipado em Dezembro pelo PÚBLICO.(...)"

gostei gostei, já estou a ver os billboards: "Programa Nacional de Promoção da Censura Social - 1 aluno que falta, 1 familia da sociedade alienada. Uma Iniciativa da Secretaria de Estado do Ensino e da Administração Educativa [e Ética também aparentemente]"
- link do comentário
- responder

Maria Gomes 01.06.2012

É sempre legítimo criticar o que não está bem, mas criticar por criticar é inaceitável num blogue destes.

Abomino a "forte censura social", mas concordo plenamente que os pais têm de ser responsabilizados pela educação dos filhos.

Fui professora até há um ano atrás. E fui Directora de Turma alguns anos. Nos últimos tempos aconteceram-me coisas como pais que sucessivamente não atendiam chamadas com o número da escola; miúdos que passavam semanas e semanas em piloto automático, sem qualquer orientação por parte dos paizinhos e encarregados de educação que deixavam passar um ano lectivo inteiro sem assinar cadernetas do aluno. Convém acrescentar que nunca trabalhei em escolas consideradas problemáticas.

Lamentavelmente, muitos pais desistem de educar os filhos. Porquê? Porque isto dá, efectivamente, muito trabalho.
André 01.06.2012

Se os pais têm que educar os filhos, então não precisamos de professores.
João 01.06.2012

Os pais têm de educar. Os professores têm de ensinar. São competências complementares e nem sempre estanques, mas diferentes.
Rafael Ortega 02.06.2012

Os pais educam.
Os professores ensinam.

Os pais têm contacto com a criança desde que nasce.
Os professores têm (no caso das que nãovão ao jardim de infância) contacto com as crianças desde os 6 anos.

É por causa de anormalidade como este comentário que a situação descamba.

(Não sou professor)

João leal 01.06.2012

Eu não sei que universo escolar é que estes adultos que aqui comentam conhecem. Não sei se são pais de uma aluna do 7º ano de Escola Pública, como eu. É uma miúda de Quadro de Honra da escola por seu exclusivo mérito e responsabilidade. Nas reuniões de pais, e pelo que ela me vai contando, percebo que 70% dos colegas são uns alienados e, dentro desses, 1 terço são uns autênticos animais. Os profs andam ali a aturar (e a ter de passar por imposição ministerial para os rankings da OCDE e o caralho) esses incapazes a quem os pais não incutem noção de responsabilidade, trabalho e ética. Pelos casos que conheço, e chocando-me a diferença brutal de permissividade e exigência ao comparar com o ensino secundário que frequentei (tenho 39anos), ler que o ministro “vai abandonar” esses pobres miúdos é mesmo estranho. Eles não estão abandonados: eles têm os pais para os orientar. Não é o ministro ou eu ou os indignados que aqui comentam que têm obrigação de os acompanhar e dar o que os papás não conseguem ou sabem. Estamos a gastar dinheiro com eles, a sua educação custa-nos os olhos da cara, então que o percebam. Sou a favor do que o ministro quer fazer.
Shyznogud 01.06.2012

Oh those were the days... pela idade que tem devia não emprenhar pelos ouvidos. Com 39 anos deve ter apanhado o momento de pior ensino em Portugal, o seu problema será, portanto, de falta de memória.
João Leal 01.06.2012

Lindo. Ou seja, as pessoas terem de estudar para passar, a noção de disciplina e a exigência da avaliação são tudo fantasias. Minimizar a experiência pessoal alheia com algum tipo de suspeição de alienação. “Emprenhar pelos ouvidos”! Um clássico. As minhas memórias e convicções estão todas desvirtuadas e moldadas pelo discurso do Nuno Crato.
Shyznogud 01.06.2012

Disciplina nas escolas portuguesas nos anos 80? Tem mesmo a certeza q quer dizer isto?
Shyznogud 01.06.2012

Se quiser discutir experiências pessoais vamos lá, tenho lembranças da minha experiência como aluna e experiência como mãe de alunos. No meu tempo, pouco antes do seu, os pais nem sequer punham os pés na escolas. Contacto pessoal com diretores de turma? Uma vez por trimestre e só para um ínfima minoria. Chegavam postais a casa para avisar q um aluno tinha ultrapassado metade do limite das faltas mas se fossem desviados pelos putos nunca na vida os pais chegavam a saber porq telefonemas para pais não existiam a não ser q houvesse um problema disciplinar gravíssimo. Quer q continue ou já refrescou as memórias?
João leal 01.06.2012

Olhe, eu percebo que o seu discurso é politizado e tudo o mais. Vê-se que tem aí o coração. O meu não é. Estou-me a cagar para uma perspetiva política do mundo em que eu e os meus temos de viver. Se houver guerra civil, logo se vê a minha perspetiva muda.

Tudo muito certo e haveria ainda muito mais para dizer acerca desses tempos e garanto-lhe que para mim não foram exemplares. Mas, como lhe disse, não tendo uma perspetiva politizada, relembro-lhe só do que eu falei:. permissividade e exigência. Permissividade: os alunos não podiam ter o comportamento que hoje têm sem ser fortemente penalizados. Exigência: se um aluno tivesse mais de 2 negativas no final do ano, chumbava; se o aluno não estudava (ou não sabia fazer cábulas em condições) chumbava. Quer que eu lhe refira alguns exemplos concretos do sistema em vigor em que estes dois fatores são uma desgraça ou ficamos por aqui? Espero que tenha percebido o que quis dizer.
Shyznogud 01.06.2012

Não há discursos apolíticos mas isso agora interessa pouco, até porq estávamos a falar de memórias pessoais. Falei-lhe da disciplina, deixe-me agora relembrar-lhe o q acontecia se, por exemplo, um aluno tinha de, por motivo de saúde, faltar um mês à escola. Na altura em q andou na escola a filosofia era "desemerda-te", certo? Desculpe lá se prefiro q, tal como acontecia nos últimos anos, a um aluno nesta situação seja oferecido um plano de recuperação.
Continuamos no processo de refrescamento de memórias ou prefere manter-se no estado de negação?
João Leal 01.06.2012

Sinceramente, continua a dar exemplos fora do que disse. Se me permite, parece gostar um pouquinho demais de atrito. Os exemplos que vai buscar são sempre fora do que disse. Já dei a entender que a Escola hoje é bem melhor em muitíssimos aspetos. Que quer que lhe diga mais? Eu falo de alhos e você responde com bugalhos. Demasiado politizado, e obviamente, demasiado afastado da vida das pessoas ‘reais’,isto por aqui. Canseira.
Shyznogud 01.06.2012

Não, não são fora do q disse, se bem se lembra começou, trazendo à liça a sua idade, afirmar que a escola actual era muito menos disciplinada e rigorosa que a do seu tempo. Tudo aquilo que lhe disse foi, exatamente, para contrariar a desmemoriada afirmação com q iniciou a conversa. Mas, pronto, vejo q já dá o braço a torcer e reconhece q a escola actual está, em múltiplos aspetos, muito melhor que no passado. Ora o objectivo deste post é criticar a destruição de mecanismos q faziam parte evidente dessa melhoria.
Shyznogud 01.06.2012

Ah! Mais uma coisinha, os adoradores do chumbo, categoria a q inegavelmente pertence, deviam informar-se sobre a relação entre eficácia do sistema de ensino e a retenção, talvez perdessem um bocadinho de certezas.
jpferra 01.06.2012

concordo e confirmo por ter passado pelo mesmo.

É o problema das memórias selectivas, só nos lembramos o que nos convém para a discussão do momento.
Tiago Cabral 01.06.2012

Temos então cerca de 70% de alunos da turma da sua filha, que pelas suas palavras, são alienados e alguns desses uns verdadeiros animais, e assim são muito por culpa dos pais. A solução será então deixar o Estado de os apoiar, assim dando o exemplo de rigor e ética. Parabéns pela filha que tem, que como diz e é fácil de concordar consigo ao lê-lo, é-o apenas por sua (dela) única responsabilidade e mérito.
João Leal 01.06.2012

Tiago, quando digo alienados quero dizer que não sabem o bem que têm em ser-lhe posta à disposição aquela que será para muitos deles a única forma de igualdade de oportunidades de que irão dispor durante a sua vida, isto é, a Educação quase-gratuita. Quanto aos animais, sempre os houve na escola e em qualquer lado (como o seu insulto estilizado demonstra). Diga-me só como é que o Estado deixa de apoiar gente a quem dá a oportunidades de um ensino quase-gratuito, pondo à sua disposição professores, instalações e dando a muitos subsídios de refeição e na compra de materiais? Não chega? Talvez prefira que os pais se sintam legitimados a ainda se alienarem mais da vida escolar dos filhos, pondo nas mãos do Estado a responsabilidade total por eles. Se é isso que acha, não concordamos.
Gonçalo 01.06.2012

Quanto o Estado gasta dinheiro em instruir e em inducar as tais hordas está a prestar-lhe um serviço a si, percebe?

. Está a tentar dar-lhes as ferramentas para os tornar em membros minimamente úteis para a sociedade.

. Está a tentar evitar que andem por aí como bichos, a gamar e a partir esta merda toda.

Anda com cinto de segurança?

Imagine que o Sr. Silva argumenta que o Estado não tem nada de se meter na sua vida. Um dia, porém, bate com o carro enquanto se assoa e fala ao telemóvel ao mesmo tempo, esfrangalhando-se todo contra o tablier.

Quem é que paga a hospitalização? Nós todos.

Portanto o que é que o Estado está a fazer? A proteger o seu investimento (i.e. um gajo que gera receita) e a impedir custos operacionais (i.e. arranjar o dito gajo).

O mesmo se passa com a escola.

Largar os miúdos ao Deus dará é condená-los a uma vida de fracasso. Porque muitos deles já começam tortos - aquilo dos pais irresponsáveis, 'tá a ver - e se não houver quem tente fazer por eles, tortos hão-de ficar. Calculo que não precise de lhe dizer que isto é um ciclo vicioso.

Pais alienados? Tem TODA a razão. Mas... e depois? Desemerdem-se?

E mesmo que assim fosse, já lhe ocorreu que talvez, só talvez, seja uma minoria que vá fazer a maioria pagar para satisfazer os Correios da Manhã e velhos reaças deste mundo?

Fique o João Leal a saber que casos como o meu - com pais que não puderam, porque não conseguiam, acompanhar melhor - não são raros. São a regra. E que foi devido à insistência da Escola (essa entidade que nos chupa dinheiro dos bolsos) que não "se perderam" numa altura crítica. Ou que, em vez de ir abrir caboucos para a estrada ou roços na parede, podem estar hoje em cargos que nem nas suas contemplações mais loucas alguma vez imaginaram.

Portanto, enfim, o problema, presumo, é que para o João Leal, o Estado está a fazer-lhes o favor de lhes dar escola à borla, e tal...

Para mim, o Estado está a fazer o papel para o qual eu pago uma quantia considerável por mês: manter uma sociedade decente, produtiva e com perspectivas de futuro.

Sim, porque não se engane. Eu não pago impostos para engordar assessores do Relvas, salários ao Catroga, PPPs da Brisa e do Grupo Espirito Santo e visitas do Cavaco e da Cavaca aos Açores para ver vacas ou à Austrália, para dizer que o vinho precisa de "good cock" (sic).

Obviamente, o João Leal acha que isto hoje é tudo uma cambada e tal. O João Leal acha que pode sacar as medidas à coisa, a olhómetro e sem perverter com política, e tal, porque a política é para arranjar tachos e despesa.

Pois fique o João Leal a saber que isto é, acima de tudo, uma questão política.

Tão política que não é à toa que tenha sido na nossa geração que o Casal Ventoso "explodiu". Seria assim tão melhor, a política educativa d'outrora?

Tão política que é precisamente por sermos antecedidos de gerações de elites e de pobrezinhos remediadinhos c'a 4ª classe que estamos onde estamos.
joao leal 01.06.2012

Primeiro, agradece-lhe pelo esforço de me tentar explicar a sua ideia de Estado. Depois, referir que não concordo consigo e passo a explicar porquê: a ideia que defende para o Estado, num esforço intelectual que não é admirável, porque papagueia, é a teoria do poço sem fundo, que à questão "quais são as balizas a essa necessidade do Estado proteger o seu investimento", nunca irá ter resposta. Atiramos dinheiro para cima das pessoas e achamos que está tudo bem. Só que não está nem nunca estará. Porque depois do estado defender o seu investimento, há-de existir gente aos gritos a dizer que não está a defender bem o seu investimento. Solução? Atira-se mais dinheiro para cima.
É isso que eu acho da sua ideia do que deve ser o estado: uma utopia mirabolante e infinita de insatisfação e falta de responsabilização individual.
A ideia de que o Estado está a deixar ao deus dará os miúdos, tendo em conta estas medidas, é uma extravagância própria...olha que engraçado, própria do discurso politizado, discurso de merda, que cheira mal, que anda na boca dos gajos que são má companhia, exarcebado e acéfalo, feito para morar longe da realidade dos factos e das pessoas. Tudo é politica? Eu acho que não. E sabe porquê? Porque não tenho o mesmo entendimento que o Gonçalo. Não terei lido tanto, provavelmente, sobre o assunto. E dou graças a deus por isso.
E fique o Gonçalo a saber que os meus pais foram como os seus na atenção que prestaram ao percurso escolar e que a minha escola (secundária gama barros no cacém) era a maior trampa que me podia ter calhado. Provavelmente teria-me dado jeito a sorte que teve de alguém se preocupar consigo, mas, não tendo acontecido, não culpo o Estado ou a familia por ter chumbado 2 anos e ficado com o 12º. Claro que fui trabalhar. É ridiculo para mim culpar alguém que não eu próprio por isso. E é esse o problema, sabe? Discurso politica é culpar alguém pelo que não se é capaz de fazer. Queixinhas, queixinhas, queixinhas. E já agora pergunto se tem algum filho a estudar entre o 5º e o 10 º ano, ou se o seu saber é só de jugular feito.
Tiago Cabral 01.06.2012

Lá está, acha então que os tais alienados, que agora já são crianças que não sabem a sorte que têm, devem ser abandonados pelo Estado, pois não aproveitam o que, de bandeja, lhes é oferecido. Abandonem-se então. Temos mesmo conceitos diferentes do papel do Estado na educação. Passe bem

Niamey 01.06.2012

hoje em dia, diz a diretora de turma da minha filha "não há segredos entre escola e casa".
era isso que eu via nessa década de 80: segredos daqueles que não o podem ser em hipótese alguma e Distância. Apartheid entre o lugar onde os miúdos passavam grande parte do tempo das suas vidas/ e a casa onde viviam. é tão mais seguro, consciente e pertinente ser hoje encarregada de educação.
Niamey 01.06.2012

que disparate, eu nessa altura não via nada e achava tudo naturalissimo. agora é que percebo a distância, por comparação.

Gonçalo P. 01.06.2012

É capaz de interessar um bocado de história pessoal sobre a disciplina na escola nos anos 80. (Vale o que vale, eu sei.) A minha escola era, julgo, a mesma da Shyznogud – o D. Pedro V, em Sete Rios, Lisboa, na altura uma escola grande, com alunos variados, de classe média alta a baixa. Não me lembro bem dos primeiros anos (entrei em 83) – quer dizer, lembro-me do suicídio de um aluno com pistola algures no recreio, e da morte de outro por outro, com tiro de besta. Também me lembro da sucessão de professoras com “esgotamentos nervosos”, dizia-se, por nossa causa; e de boa parte dos meus colegas sempre “tapados” a faltas para aí a partir do Natal, e dos esquemas como os que a Shyznogud contou, para esconder dos pais a faltas, mesmo as “vermelhas”.
No Complementar, o tapanço de faltas era gerido com muito mais mestria, e com muito mais lata. Nas aulas de História do 10 e 11º, por exemplo, o que se fazia era ir lá, responder à chamada, e depois sair. Se por acaso o professor se pusesse à porta a tentar travar a saída, e se os alunos mesmo assim não o conseguissem empurrar, saía-se pela janela. Está bem que este era um professor já com alguma idade, e que levava com farinha e ovos no Carnaval, e punham-lhe pensos higiénicos dentro do chapéu de chuva – mas, por exemplo, outro mais novo, por acaso político do CDS, tinha tanta ou tão pouca autoridade na sala de aula que atirava apagadores aos alunos a ver se os calava. Outro professor, ainda mais velho, e muito muito bom professor, de Filosofia, resolveu o problema dos baldas da melhor maneira: a meio do ano disse que quem não estivesse interessado e só lá fosse ali para não ter falta (e fazer merda na aula) escusava de ir, não marcava nada. A maior parte das aulas a seguir fui eu e mais duas ou três colegas.
Shyznogud 01.06.2012

Entrando em 83 já não apanhou, como eu apanhei, os "gloriosos anos dos tacos", ou seja, a altura em q obras na escola potenciaram cenas de indisciplina inacreditáveis q transformavam as aulas em batalhas de tacos.
Gonçalo P. 01.06.2012

:S, não, não apanhei, isso eram outros tempos. Por exemplo, está um vídeo ali no grupo do FB "D. Pedro V 79/80 até 86/87", gravado por alunos em 1985 -- não há-de ter sido com telemóvel de certeza --, e a rebaldaria já era muito mais calma, divertida - só barricar a porta da sala com umas tábuas, umas bocas a um professor pintarolas, mais bocas a professores e colegas na sala.
Shyznogud 01.06.2012

fui cuscar, já lá não estava, saí em 84
Ana Matos Pires 02.06.2012

Já que estamos a falar em memórias, Shyz, a intervenção da escola era tal que permitia a existência de miúdos batidos em casa, repletos de nódoas negras e hematomas, agarrados e levados à polícia por colegas pouco mais velhos. Que dia aquele.

Gonçalo P. 01.06.2012

Só mais dois esclarecimentos, porque não me parece que o meu “liceu” fosse excepcional: na preparatória de onde vinha, por exemplo, as aulas de música acabavam quase sempre com a professora a chorar – enquanto houve aulas de música, porque no 2º ano a senhora, lá está, teve um “esgotamento nervoso” a meio do ano e não voltámos a ter ano. A culpa era sobretudo de alunos mais velho, dos que chumbavam repetidos anos, e que se armavam em Laranja Mecânica quase todas as tardes. Mas uma vez, nesse furo das aulas de música, foram com amigos ainda mais velhos numa carrinha passear, e no Jardim Constantino apanharam uma miudinha, meteram-na carrinha e escuso de contar mais – para mim, desde então, o Jardim Constantino é um sítio muito mau. E na altura, nos anos 80, para o D. Pedro vinham transferidas, ou a fugir, bastantes raparigas (e rapazes, provavelmente) das míticas Quinta de Marrocos e secundária anexa cujo nome não me recordo – por causa das repetidas violações e gravidezes adolescentes que lá havia.
Gonçalo 01.06.2012

Epá, ó homónimo, a "mítica" Quinta de Marrocos era apenas do primeiro ciclo (i.e. 5º e 6º anos). Não sei onde foste buscar tal cosmologia, porque eu - um tipo da Pedro de Santarém, mesmo ali ao lado e até ao 9º ano - nunca ouvi outros mito da Quinta que não "é um sítio fixe para roubar gelados Fá aos miúdos".

Sim, roubei doces a crianças (falamos de Karma lá mais à frente)!

Por trás, havia a Secundária de Benfica. Tinha lá as suas coisinhas, mas ao pé da D. João V era uma escolinha de betos. Mesmo. Meninos e meninas com sapatinhos de vela (nota lateral - sim, estão assim tão demodé).

Dito isto - e vindo de um gajo que fez o seu percurso escolar entre as escolas da damaia e benfica + que já teve o seu tour of duty como professor do ensino básico (sim, os gelados fá subtraídos haviam de voltar para me morder as canelas) - digo-vos o seguinte:

Dantes havia índios, olá se havia. Mas hoje, parece que todas as salas são a Secundária da Brandoa no horário da tarde.
Gonçalo P. 01.06.2012

Sim, bem sei que era do ciclo, por isso é que disse "Quinta de Marrocos e secundária anexa". A mitologia vem de colegas da altura, que passaram para o D. Pedro V (ou para outras como a Delfim Santos) por isso. Agora, naturalmente, não posso ter a certeza se era verdade -- o que também é interessante; acho que estas histórias todas sobre a violência e indisciplina escolar, de ontem e de hoje, devem ser lidas com uma pitada de sal.
Niamey 01.06.2012

não, penso que o seu liceu não deve ter sido excecional.
no meu, tb em lisboa(liceu filipa), a partir de 84, soube de um suicídio de uma miúda do 7º ano, vivi a morte de uma grande amiga(droga,à venda às portas do liceu), de uma professora que se fechava no citroen 2 cavalos estacionado à porta da escola e esperava que o horário dela terminasse para se ir dali embora. Era impressionante. Parecia que ela tinha passado de "depressão esgotada" a "louca varrida". Tinha pavor dos alunos. Não que hoje os professores não se deprimam tb, mas citroen 2 cavalos vermelho simboliza-me uma doida apavorada e barricada lá dentro, em plena hora de aula.

Curiosamente, agora que o ou vos leio sobre o d. Pedro V...não tinha ideia nenhuma disso tudo, a não ser que 1 ou 2 anos façam toda a diferença.
As minhas duas melhores amigas(acho que hoje se diz "amigas forever", que parvas credo) estavam no d.pedro v e tudo o que eu ambicionava na minha vida era conseguir transferência para lá. Quando acabava as aulas, ía lá ter com elas e com os amigos todos. Achava aquilo o suprassumo do máximo dos máximos: "aquilo era uma escola a sério onde se era muito feliz e com professores extraordinários e muita música e teatro", sentia eu.
Foi meio desgostoso começar no filipa mas entretanto, num passe de "magia", comecei a adorar a escola filipa e fiquei até ao fim.
E porque será que essas histórias das violações no jardim constantino, liceu etc. me deixam agora tão arrepiada...
..nunca tinha ouvido isso e logo agora que o d. pedro v me é mais familiar do que nunca....ainda que me pareça, naturalmente, estar a alguns anos luz dessa realidade....lá está, não sinto segredos daqueles que se prolongam até à tragédia.
Fala-se, trocam-se mails com professores nos detalhes mais inesperados, se há miúdos e colegas com algumas chatices(sei lá,andam sempre a gamar cenas etc.),nada disso é tabu e fica-se com a ilusão que haja o que houver havemos de ainda chegar a tempo não se sabe bem de quê. mas pelo menos há essa ilusão. por acaso, segundo me disseram, o d. pedro v ficou preso a uma má fama da qual não tem proveito nenhum atualmente, não sei.
quanto ao post, fico com semelhante sensação, parece uma desistência dos miúdos de facto.

Comentar post

Pág. 1/2

Arquivo

Isabel Moreira

Ana Vidigal
Irene Pimentel
Miguel Vale de Almeida

Rogério da Costa Pereira

Rui Herbon

correio | twitter | facebook

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Posts recentes

Comentários recentes

Anónimo
The times they are a-changin’. Como sempre …
Anónimo
De facto vivemos tempos curiosos, onde supostament...
Anónimo
De acordo, muito bem escrito.
Manuel Dias
Temos de perguntar porque as autocracias estão ...
Anónimo
aaaaaaaaaaaaAcho que para o bem ou para o mal o po...

Arquivo

2025
J
F
M
A
M
J
J
A
S
O
N
D
2024
J
F
M
A
M
J
J
A
S
O
N
D
2023
J
F
M
A
M
J
J
A
S
O
N
D
2022
J
F
M
A
M
J
J
A
S
O
N
D
2021
J
F
M
A
M
J
J
A
S
O
N
D
2020
J
F
M
A
M
J
J
A
S
O
N
D
2019
J
F
M
A
M
J
J
A
S
O
N
D
2018
J
F
M
A
M
J
J
A
S
O
N
D
2017
J
F
M
A
M
J
J
A
S
O
N
D
2016
J
F
M
A
M
J
J
A
S
O
N
D
2015
J
F
M
A
M
J
J
A
S
O
N
D
2014
J
F
M
A
M
J
J
A
S
O
N
D
2013
J
F
M
A
M
J
J
A
S
O
N
D
2012
J
F
M
A
M
J
J
A
S
O
N
D
2011
J
F
M
A
M
J
J
A
S
O
N
D
2010
J
F
M
A
M
J
J
A
S
O
N
D
2009
J
F
M
A
M
J
J
A
S
O
N
D
2008
J
F
M
A
M
J
J
A
S
O
N
D
2007
J
F
M
A
M
J
J
A
S
O
N
D

jugular

Exmo Senhor Ministro da Educação...

45 comentários

Comentar post

Pág. 1/2

Autores

Arquivo

Subscrever por e-mail

Posts recentes

Comentários recentes

Arquivo

Tags

Links

blogs

media