Uma questão de prioridades
Nos idos de Novembro, num post que mereceu mails e comentários irados dos que bramiam que eu queria "asfixiar" o ensino básico e secundário (pouco*) privado, comentei, em nota de rodapé, que o Ministério da Educação considerava um aluno numa escola secundária privada merecedor de mais financiamento público do que um aluno no ensino superior público.
Sete meses e cortes brutais** depois, as contas de quanto mais chegam ao Económico: o investimento do Estado por aluno do ensino básico e secundário, público e privado, é superior em mais de 50% ao que é feito por estudante universitário.
Há uma semana, na cerimónia em que entregámos os diplomas aos alunos que concluiram os seus mestrados e doutoramentos no Técnico no ano lectivo transacto, Rogério Carapuça pedia aos presentes, uma pequena fracção do total, muitos dos nossos diplomados já seguiram os conselhos governamentais e sairam da sua zona de conforto, para não desistirem de Portugal. Infelizmente, o que se tem passado nos últimos tempos é para muitos indicação clara de que Portugal desistiu da esmagadora maioria dos seus cidadãos.
* a nível de financiamento, claro.
* a nível de financiamento também, quer do ES quer de Ciência e Tecnologia. Esta última em particular parece que ainda vai sofrer mais cortes uma vez que fomos informados de que o investimento em C&T foi um dos erros crassos de governos anteriores, com a mania incompreensível de que Portugal deveria aproximar-se do pelotão da frente quando o nosso fado é sermos pobrezinhos mas honradinhos. Mas aumentos brutais a outros níveis, estamos afundadinhos em burrocracias, quais Sisifos esmagados por "pacotes legislativos que se sucedem a uma velocidade estonteante, alteram permanentemente as regras aplicáveis e obrigam as instituições a gastar inutilmente tempo, esforço e incalculáveis recursos financeiros".

