"Vitímas de violência doméstica "culpadas" em tribunal"
É o título da noticia do i que dá conta de um trabalho de Madalena Duarte, investigadora do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra. Tentei descobrir o trabalho e encontrei um artigo da autora, provavelmente parte da investigação que o jornal refere - Violência doméstica e sua criminalização em Portugal: obstáculos à aplicação da lei", Sistema Penal & Violência, Porto Alegre, v. 3, n. 2, p. 1-12, jul./dez. 2011.
Uma das citações presentes no artigo é a que se segue: "Posso dizer-lhe que 90% das queixas de violência doméstica que aqui chegam são falsas. São mulheres que usam o processo-crime para os casos de divórcio, de regulação das responsabilidades parentais e que não são realmente situações de violência doméstica. (…) Então quando chega aqui uma senhora, com o seu próprio advogado, sem ser oficioso, com um discurso muito articulado, que sabe muito bem o que dizer e o que quer, desconfio logo. (Magistrada do Ministério Público, entrevista pessoal)" (sublinhados meus). Para falar verdade não me espantou, era algo de que já suspeitava, mas lido preto no branco não deixou de me impressionar. Para além de uma absoluta ignorância, está mais que provado que a VD não escolhe classes socioeconómicas, mostra como não ser desgraçada à partida pode ser uma menos valia perante a justiça. Que tristeza, senhora magistrada. Se algum dia passar por uma situação parecida não se esqueça de beber uns copos antes de se apresentar em tribunal, é desarticulação do discurso pela certa e nunca se sabe se irá encontrar pela frente uma besta preconceituosa parecida consigo.