A União Europeia aprovou a falsificação das contas da Espanha
A decisão mais relevante da cimeira de ontem foi permitir que a ajuda aos bancos espanhóis não seja contabilizada no défice - e, logo, na dívida - do estado espanhol.
Cabe, então, perguntar, quem garantirá a dívida dos bancos caso eles se tornem insolventes. No quadro actual , a resposta continua a ser: o estado espanhol. Logo, não registar esse compromisso nas contas públicas equivale a camuflá-las.
O estado grego mascarou durante anos as suas contas enquanto a comissão europeia fingia ignorar o que passava. Quando a anomalia foi publicamente revelada e reconhecida, a UE, adoptando uma postura extrema oposta à amteior, passou a exigir que os estados alargassem o âmbito da sua responsabilidade explícita, incluindo no défice e na dívida pública toda a espécie de garantias dadas ao endividamento de organismos autónomos, empresas públicas e mesmo instituições financeiras privadas.
Assim se justificaram as condições impostas à Irlanda e, em menor grau, a Portugal.
Ontem, porém, a mesma UE aprovou a falsificação das contas da Espanha, uma decisão ao arrepio de tudo o que tem vindo a impor nos últimos anos.
Decididamente, nós não temos qualquer vantagem em permanecer num clube que discrimina tão grosseiramente entre os seus membros ao sabor das conveniências do momento e do poder negocial de cada um.