adenda bolsista
Este post foi escrito sem pensar; na verdade, sem ler muito bem o texto em causa. A adenda final é uma desalentada constatação da realidade. Não me quero alongar sobre os motivos que me levam a pensar que se trata de uma medida profundamente injusta e lesiva para universidades e investigadores. À primeira vista, trata-se de uma "justiça elementar", porque evita que os bolseiros, esses madraços, acumulem tachos de docência nas universidades. Para quem esteja convencido disso mas não conheça o quadro geral, venho só dar umas pinceladas panorâmicas sobre a coisa da exclusividade, segundo o mesmo Estatuto do Bolseiro (igual na versão de 2004 e nesta). Na verdade, a nova versão apenas introduz o tal limite: se sou bolseiro não posso dar aulas; a única exceção é ser bolseiro de pós-doutoramento e dar aulas num curso de doutoramento. É isso: não posso. Não me quero pronunciar sobre a quantidade de bolseiros que serão pressionados para dar aulas de borla e sem contrato, porque desde o momento em que se tira o pé da Universidade, nunca mais se volta a pô-lo lá.
Não posso, dizia eu. Mas posso exercer outras funções remuneradas. Por exemplo, receber ajudas de custo e despesas de deslocação; outro, desempenhar funções em órgãos na instituição de acolhimento ou em órgãos consultivos noutras instituições; ainda, participar em júris e comissões; finalmente, emitir pareceres. Concluo que a nova limitação, que envolve a docência, destina-se apenas aos bolseiros que trabalham, e que gostam de lecionar, porque dar aulas dá trabalho e exige dedicação e gosto. Outros, porventura mais bem relacionados, que possuam uma bicadinha aqui, integrem um Conselho ali, uma Direção acolá, que façam pareceres algures, façam parte de uma Comissão mais além, esses podem acumular tudo com a bolsa, sem limitação de valores, horas, instituições ou destinatários. Pronto, era só isto.