"O maior aumento de impostos da nossa história"
"O Primeiro-Ministro (...) disse uma frase que obviamente mereceu a nossa maior atenção: é que não haveria aumento de impostos com estas medidas, como percebem que não há", disse ontem Nuno Magalhães, líder parlamentar do CDS-PP, pouco depois da declaração de Passos Coelho ao país.
Os zelotas da verdade podiam ter um pingo de coragem. É que mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo: há um par de anos, quando se tratava da entrada em vigor do novo Código Contributivo que trouxe um aumento das contribuições para a segurança social para alguns trabalhadores independentes, o CDS-PP falava de "aumento encapotado de impostos". Mota Soares atirava-se então ao que era, imagine-se, "considerado por muitos o maior aumento de impostos da nossa história".
Agora, quando os trabalhadores do privado sofrem um agravamento de cerca 60% nas suas contribuições para a segurança social para pagar o experimentalismo irresponsável do PSD e do FMI, Nuno Magalhães tem a distinta lata de vir dizer que, "tecnicamente", não estamos perante um aumento de impostos, e Mota Soares alinha no mesmo embuste.
Adenda: vejo agora que o Secretário de Estado e o Ministro não se conseguem sequer entender. Mota Soares diz que isto não é um aumento de impostos porque não é para o Estado gastar, correspondendo antes a uma redistribuição (ocultando os 500 milhões de euros que resultam dos 18% + 18% da contribuição de trabalhadores e empregadores), enquanto Marco António Costa diz que, afinal, a medida é boa porque vai precisamente permitir "financiar o sistema" de segurança social.

