Pior é possível
O estudo de Luís Aguiar Conraria, Fernando Alexandre, Pedro Bação, João Cerejeira e Miguel Portela consegue uma extraordinária proeza: é simultaneamente devastador e benévolo para Passos e Gaspar. Mesmo admitindo que possa ter existido uma relação linear entre emprego e contribuições para a segurança social passível de ser estimada recorrendo a técnicas econométricas, a ideia que tal relação possa ser relevante para o tempo em vivemos é difícil de sustentar. Pressupor, como o fazem implicitamente estes 5 professores de economia, que dados de 1982-2009 nos dizem algo de relevante em 2012, é equivalente a dizer que a crise que vivemos é uma mera perturbação temporária (um choque exógeno) num sistema que é essencialmente estável e tende para o equilíbrio. Entre outras coisas, este estudo parece pressupor que a procura que sustentou o dinamismo económico dos últimos trinta continua a existir e que, no longo prazo, estará tudo óptimo. Se, partindo destes pressupostos, o estudo já nos diz que a medida é péssima, uma coisa parece evidente: na realidade que hoje vivemos, os efeitos seriam sempre piores.