explicação do absurdo
No meu post abaixo. Como dizia o Clinton? aritmética? pois, aritmética. Num país normal em crise normal com um governo normal, a austeridade faz-se nivelando por baixo uma série de coisas. Quero com isto dizer, manter mínimos de coesão social. Em quê? Em transportes públicos, por exemplo. Num país normal em crise normal com um governo normal, as pessoas são estimuladas a deixar o carro em casa, porque este passa a ser considerado um luxo. E a usar os transportes públicos, que, no tal país normal em crise normal com um governo normal, são baratos, acessíveis e muitos.
Mas Portugal não é país normal, esta não é uma crise normal e este governo, bem, nem sei como o classificar. O transporte público tornou-se um luxo. Sai mais barato usar o carro. Num país normal em crise normal com um governo normal, os lisboetas que, num dia como hoje, quisessem passear a Sintra, viriam de comboio; de carro, só uns poucos afortunados. Ora bem, um bilhete ferroviário de Lisboa (Rossio, Benfica ou Reboleira) a Sintra custa 2,35 €, o que significa que uma viagem ida e volta custa 4,70 €. Numa família de 4, fica por 18,80 € o tal passeiozinho "popular". Se forem avisados e comprarem um "bilhete de família 1 dia", pagam 12,40 €. Isto, aos preços do combustível de hoje, dá para comprar 7,5 l de gasolina 95 ou 8,5 l de gasóleo. São 30 km do Terreiro do Paço aos travesseiros da Periquita. Façam as contas. Juntem o preço do metro ou do autocarro, uma vez que nem toda a gente vive perto de uma estação da CP. Nem falo do facto de haver só haver 2 comboios por hora. Ah! e se alguém, mesmo assim, preferir ir de comboio, despache-se a regressar, nada de patuscadas noturnas: o último sai de Sintra às 0:40 h. Só falta mesmo decretar que um passeio à vila é, como o desenvolvimento do país e a esperança no futuro, "viver acima das nossas possibilidades".