orgulho e preconceito
Vivemos tempos interessantes; hoje, um novo patamar foi atingido: A diretora do FMI, depois de reconhecer erros de cálculo no impacto da austeridade, vem agora pedir aos governos europeus um travão à mesma. Sim, a diretora do FMI "pede" que se pare com isto. Em simultâneo, o nosso bravo lusito já pediu a baciazinha de água e acabou de esfregar as mãozinhas papudas em detergente anti-sético: os responsáveis pela austeridade são os governos, não os credores internacionais. Bonito. Em S. Bento, se existisse governo e um primeiro-ministro digno desse nome, o orçamento para 2013 era já, mas já, deitado para o lixo, Passos Coelho apanhava um avião para Bruxelas, para Tóquio ou para onde quer que a senhora andasse e não a largava enquanto não houvesse resposta concreta a uma renegociação e uma ação consequente das suas palavras. E se aparecesse cá o senhor Selassié, dizia-lhe que "não falo com subalternos, se quiser, vá falar com o porteiro, que está mais ou menos ao seu nível". E mandava o Barroso às urtigas. Nada disto será feito. É melhor afundar Portugal na espiral recessiva, por orgulho, não dando o braço a torcer, nunca, e reconhecer que tudo falhou e que até os credores já o admitem, e por preconceito, admitindo que não andámos a "viver acima das nossas possibilidades" e que o estado social e o emprego são, afinal, mais que meras estatísticas.
(E Seguro, se fosse líder de alguma coisa e tivesse o mínimo perfil de estadista, não escrevia crónicas a sugerir descontos de mercearia).

