Há sempre um Portugal desconhecido
Sou recebido com cortesia, quase com euforia. Primeiro, caldo verde; depois, isto. A ementa discrimina que é "grão de bico". O dono diz-me logo, com sotaque da terra e com uma gargalhada, que "bacalhau quer alho", para que não restem dúvidas; o tinto aparece sem eu pedir. Ao meu lado, um casal de brasileiros está deliciado com o dito e com a garrafa de Esporão. Confessam-me que desconhecem Portugal mas que em breve tirarão férias a sério para conhecerem o país de lés a lés. À minha frente, come-se dobrada, que um indivíduo rega generosamente com o conteúdo da latinha que diz que é o "orgulho da nossa terra". Já anteriormente ma tinham posto à frente, quando lá comi um bitoque. Atrás de mim, o prato é de pastéis de bacalhau, que parecem muito apreciados. No final, o dono pergunta-me se quero "água-fogo" no café. Sinto-me estranho, quase noutra dimensão. Lá fora abundam os sucedâneos de pastéis de nata, muitos. Guardo para mim uma certa piadinha envolvendo um determinado ministro. Nunca vi uma terra com tanta farmácia. Nem com tantos Ipods, Ipads, Iphones e Galaxys.