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O Estado social mais justo

Vitor Gaspar, ouvimos hoje, quer um Estado social "mais justo". Um Estado social mais justo, também sabemos, é aquele que se concentra fundamentalmente "nos mais desfavorecidos".

Por esta ordem de razões, um Estado social que orienta os seus recursos para os que ganham menos de 600 é mais justo do que aquele que protege os que ganham mais de 600, essa classe média independente.

E um Estado social que concentra a sua proteção naqueles que ganham menos de 500 é mais justo do que aqueles que se preocupa com aqueles que ganham mais de 500, relativamente privilegiados.

É também verdade, por esta lógica, que um Estado social que dá prioridade fundamental aos que ganham menos de 400 é mais justo do que aquele desperdiça recursos com os que ganham mais de 400.

Naturalmente, um Estado social que elege como verdadeiro alvo os que ganham menos de 300 é mais justo do que aquele Estado social que pensa ter dinheiro para esbanjar nos que ganham mais de 300.

E é inatácável que um Estado Social que sabe que aqueles que precisam mesmo-mesmo-mesmo de ajuda são aqueles que ganham menos de 200, e que é por isso mais justo do que um Estado social que, mãos largas, gasta dinheiro com os que ganham mais de 200.

Não podemos, porém, deixar de reconhecer que um Estado social que não deixa nunca para trás os que ganham menos de 100 é mais justo do que o Estado social que acha que pode preocupar-se com os que ganham mais de 100.

 

Não vale a pena continuar, todos já percebemos onde isto pára. Ou onde isto não pára.

Segundo esta lógica, é possível justificar ad infinitum o contínuo recuo da segurança e da proteção social em nome da "justiça social".

É este o filme dos próximos meses. A culpa não é da austeridade que se derrota a si própria e a quem pensa encontrar nela uma estratégia de saída; a mesma austeridade que reduz a dimensão do bolo económico primeiro, encolhe depois a dimensão do bolo fiscal, e acaba, por fim, a pressionar a redução do bolo estatal, no perfeito carrossel da "transformação estrutural".

Será tudo em nome da "justiça".

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