"Melo Antunes – Uma Biografia Política" | Maria Inácia Rezola
No próximo dia 22 Novembro é lançada a obra Melo Antunes – Uma Biografia Política. O livro, da autoria da historiadora Maria Inácia Rezola e com prefácio de António Lobo Antunes, é apresentado pelo Professor António Reis e conta com os testemunhos do General Ramalho Eanes, Coronel Vasco Lourenço e Dr. Vasco Vieira de Almeida. A sessão de lançamento tem início às 18h30 e decorre na Fundação Calouste Gulbenkian (Auditório 3), em Lisboa
- Num momento em que se assinalam os trinta e sete anos do 25 de Novembro de 1975, este livro vem acrescentar novos dados sobre este episódio ainda hoje envolto em polémica, destacando, nomeadamente, a importância fundamental da intervenção de Melo Antunes no seu contexto. Numa altura em que tudo deixava antever que ao 25 de Novembro se seguiria uma “caça às bruxas”, tendo como alvo o PCP e extrema-esquerda, Melo Antunes vem a público para salientar a importância do Partido Comunista na construção da democracia portuguesa. “Esta posição”, explica a autora, “central para a definição de um regime plural e livre, custar-lhe-á inimizades e incompreensões que o acompanharão até ao fim da vida”.
Segundo Maria Inácia Rezola, através desta obra é possível “acompanhar o fascinante percurso de Ernesto Melo Antunes, um dos protagonistas da Revolução de Abril, contextualizando-o nos momentos determinantes do Século XX português. Uma história de vida, que é também uma parte importante da história contemporânea portuguesa, um exemplo de intervenção cívica a desvendar às gerações mais novas”.
A biografia acompanha o percurso de Melo Antunes, desde a sua adolescência, início da carreira militar, passando pela militância nas hostes oposicionistas açorianas nos primeiros anos do Marcelismo, as experiência de guerra em África, a conspiração do Movimento dos Capitães e a sua trajetória no processo revolucionário – o seu papel na descolonização, como ministro sem pasta, ministro dos negócios estrangeiros e conselheiro da revolução, a elaboração do Documento dos Nove, etc – até ao período de institucionalização e consolidação democrática. “Saliente-se”, observa a autora, “que neste período [da consolidação democrática], Melo Antunes foi não só Presidente da Comissão Constitucional (antecessora do Tribunal Constitucional), como também conselheiro do então Presidente da República, general Ramalho Eanes”. Ao longo das sucessivas crises que a jovem democracia portuguesa atravessa, Melo Antunes “produz uma série de documentos em que reflete sobre os rumos da democracia portuguesa, ainda hoje cheios de atualidade”.
Para este estudo, a autora teve acesso não só ao arquivo pessoal de Melo Antunes, como a muitos outros arquivos (Arquivo da Defesa Nacional, Conselho da Revolução, Histórico-Diplomático, Histórico-Militar, etc.) e realizou entrevistas a alguns dos que como ele privaram, como Jorge Sampaio, José Medeiros Ferreira, Amadou-Mahtar M’Bow (ex-director-geral da UNESCO), ouvindo ainda o testemunho de Diogo Freitas do Amaral, com quem Melo Antunes travou duras contendas. O prefácio da obra é da autoria do escritor António Lobo Antunes, grande amigo de Melo Antunes e seu companheiro nas Comissões em Angola.
Sobre a autora:
Maria Inácia Rezola – Doutorada em História Institucional e Política Contemporânea pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Investigadora do Instituto de História Contemporânea da mesma Universidade. Docente da Escola Superior de Comunicação Social do Instituto Politécnico de Lisboa. É autora das obras 25 de Abril. Mitos de Uma Revolução; Os militares na Revolução de Abril. O Conselho da Revolução e Transição para a Democracia em Portugal; António de Spínola in Fotobiografias Século XX; O Sindicalismo Católico no Estado Novo; entre outras.
Pedro GomesTexto retirado do Facebook da Editora Âncora


