José António Machado, diretor da faculdade de economia da Nova, dá hoje uma entrevista ao Expresso que me serve de pretexto para repescar alguns textos publicados nos últimos anos sobre o ensino da economia em Portugal. A primeira leitura que aconselho é a do relatório para a FCT sobre ciências sociais e humanidades, publicado em 2011, em que se pode ler, e cito (o bold é meu):
De 2008 trago o texto de João Ferreira do Amaral, Manuel Branco, Sandro Mendonça, Carlos Pimenta e José Reis surgido no Público, "A ciência económica vai nua?", de que realço um excerto
E agoro volto ao princípio: o que justificou que a entrevista do diretor da Nova provocasse o "clic" para ir ao baú? A recente disponibilização no site do Le Monde Diplomatique de um texto que, estranhamente, foi muito pouco discutido em Portugal. Chama-se "Em Portugal: a universidade do consenso" (teve publicação em edições do Le Monde de vários países). Começa assim:
Este post não serve para afirmar que as opiniões expressas por todos estes autores têm validade inquestionável ou sejam verdades absolutas (de pensamentos únicos já estamos servidos, obrigada) mas tão somente para manifestar a minha estranheza por um tema - ensino da economia - tão importante seja completamente ignorado ou subvalorizado nas discussões no espaço público.
Mal esta tramoiada começou e vi um emérito académico a fazer a figura que faz na prática - refiro-me ao ministro das finanças - que se me colocou a questão do desenvolvimento da economia como ciência e do modo como se valoriza uma carreira académica em economia. Não é bem o ensino da economia que está em causa, não sei se me faço entender. É mais o que se valoriza, o tipo de trabalhos que "valem", os mitos da objectividade e quejandos, o que domina nas revistas internacionais and so on and so on...
Quando as pessoas tiram um curso, seja de economia, medicina, engenharia ou outra coisa qq, têm apenas umas noções vagas. Se quiserem ser bons profissionais, têm de estudar muito a seguir para perceberem o seu mundo profissional. Ora com os economistas acontece que quando se formam não vão trabalhar ao serviço dos problemas da sociedade, das questões de como se constroi uma sociedade melhor - o que vão fazer é trabalhar para um patrão para o enriquecer. Por isso, tal como muitos gestores a única coisa que sabem fazer é reduzir pessoal, os economistas tb só sabem como enriquecer o seu patrão, nada percebem de economia na ótica da sociedade. Não são, na verdade, economistas, são apenas financeiros.
isto é q conclusão que eu tiro das conversas com amigos e conhecidos que são economistas...