"Ninguém percebeu nem as reais razões da divergência nem as reais razões da união"
O João Tiago Silveira não gostou do que viu na comissão nacional missa de domingo em Coimbra. Hoje, em entrevista ao Expresso, explica porquê:
- Classificou a unidade do PS saída de Coimbra como "artificial". Quer explicar?
- Estou em frontal discordância com o processo que este acordo seguiu: é artificial e desligado das pessoas. Ninguém percebeu o que se passou.
- "Ninguém percebeu"... o conflito ou as tréguas?
- Ninguém percebeu nem as reais razões da divergência nem as reais razões da união. Num momento em que há uma fortíssima desconfiança entre os cidadãos e os partidos, num momento de crise com tendências demagógicas para encontrar soluções fáceis que passam pela inutilidade dos partidos, há uma especial exigência de clareza, coerência, saber falar com as pessoas. E isso correu mal neste processo. Agora, temos de aprender com estes erros, e isso é especial responsabilidade da minha geração e da geração a seguir. Lancei o desafio na Comissão Nacional e estou a trabalhar com um conjunto de pessoas para encontrar respostas políticas arrojadas e ambiciosas de aproximação do PS à sociedade, de credibilização da ação política. (...)
- As primárias para a escolha do secretário-geral fazem parte dessas medidas?
- A eleição do secretário-geral alargada a cidadãos simpatizantes é uma medida interessante, merece ser estudada e trabalhada. Mas não chega. É preciso muito mais.
- A crise no PS nas últimas semanas foi a gota de água para levar a iniciativa por diante?
- Há muito tempo que penso no tema, sem solução mágica. Mas ao olhar para este processo achei que agora é que o PS precisa mesmo de fazer qualquer coisa e há toda uma geração disponível para ir mais longe.