autênticas maravilhas da tecna
Vi uns 20 minutos e ri-me qb., há uma meia hora. Uma série que está a passar na RTP-1, chamada "Vermelho Brasil" (Rouge Brésil), baseada num romance homónimo. Primeiro o espanto por deparar com uma temática daquelas, quando esperava que estivesse a dar uma novela ou um talk-show. Depois, um exercício de adivinhação: o que era aquilo? Brasil, pau-brasil, nomes portugueses, trajes do século XVI. E franceses. "Só pode ser o Villegagnon e a França Antártica", pensei. E é isso mesmo, uma história romanceada da tentativa francesa, de meados do século XVI, de criar uma colónia na costa brasileira, na região da atual Rio de Janeiro. Segundo exercício: "quem são os bons e os maus?". Não custou muito a perceber: os bons (digamos, os "mais bons") são (sempre, desde que se instalou a catarse pós-colonial) os ameríndios. Os bons assim-assim (ou não fosse isto uma história escrita por um europeu) são os franceses, sobretudo o Villegagnon (autêntico exemplo de humanismo filantropo) e os personagens principais (um par de manos, um ele e uma ela). E os maus? ahhh os portugueses, claro, sobretudo um mafarrico chamado Da Silva (Joaquim de Almeida) mau como as cobras, traiçoeiro e manhoso, que escraviza os índios e não tem respeitinho nenhum pela palavra que dá. E os seus acólitos, todos porcos, barbudos e com ar de traficantes de gomas e pastilhas elásticas. E a ação? Fascinante, só vos digo: soldados franceses com capacetes e armaduras e vestimentas mais ou menos impecáveis (e que nem suam sob o calor equatorial), carreiros na selva para eles passarem (só faltam as setas e os sinais de stop), uns mauzões portugueses que se fartam de chicotear os escravos índios (não se percebe como é que o Joaquim de Almeida assustava os bravos normandos e dominava tupiniquins e tupinambás com cinco soldados e outros tantos mosquetes), um covil do vilão num vale, sem vigias nem qualquer tipo de vigilância, como se uma estância de férias se tratasse, e os diálogos, meu deus, os diálogos, todos em inglês, tupis, portugueses, franceses, todos falam uns com os outros na bela língua de Shakespeare e entendem-se como num chat, que maravilha, lol.

