Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

jugular

Read my lips

Sarah Palin inflamou as hostes republicanas apresentando na perfeição o discurso que Matthew Scully escreveu. Mas este discurso retórico e sem qualquer substância não convenceu mais que aqueles que já estavam convencidos. A CBS resume bem a minha impressão do discurso:

So, after all of the anticipation, how did Sarah Palin do in her first major speech to a national audience? I think, at this point, it's very clear that she's fully prepared ... to be the head of the Republican National Convention. I don't doubt for a second that she can step up on Day One ... to guest host for Rush Limbaugh. But ready to be one heartbeat from the presidency? (...) When Palin managed to finally get to substance, it was, oddly enough, the weakest part of her speech. Yglesias noted that Palin's "understanding of the geopolitics of energy is every bit as daft as that of much more seasoned conservative pseudoexperts." (...) Palin inspired hard-core conservatives when she needed to persuade everyone else. To that extent, last night's speech was a missed opportunity, if not an outright mistake.

A mesma opinião é veiculada na Newsweek, que refere:

Ultimately, however, I suspect that the shelf life of tonight's speech will be brief. It was short on specifics substance-free. It was largely negative--and while sarcasm works in the moment, it tends to curdle as time goes by.

E de facto o discurso foi muita parra e pouca uva, isto é, Palin disse umas coisas muito simpáticas sobre John McCain, lançou umas acusações e remoques sortidos a Barack Obama e, claro, voltou a mentir, muito, numa tentativa de reescrever a sua actuação política no Alasca. Mas depois de espremido o discurso que o staff republicano teve de retocar à pressa para o tornar «menos masculino», o que disse de facto Palin? Uma das «bandeiras» da governadora que cortou em 62% o financiamento das escolas para crianças com necessidades especiais foi a promessa, que me chocou especialmente pelas razões que são óbvias a quem tenha visto a apoteose final do discurso, de ser uma amiga e advogada destas crianças. Mas para além das mentiras, «piadas» fáceis e ataques ao que Obama se comprometeu a fazer, não há nada de concreto neste discurso. Palin não explicou o que o ticket republicano pretende fazer de diferente em relação à administração Bush (estranhamente ausente de todo o discurso, quem ouvisse a candidata pensaria que os democratas estiveram no poder nos últimos oito anos). Nem falou sobre a herança destes oito anos de governação republicana, por exemplo, o que pretendem fazer em relação ao défice, à dívida nacional ou à Social Security e Medicare com um buraco (unfunded liability) de mais de 100 triliões de dólares. Apreciei tanto quanto Gail Collins do New York Times a ironia sobre a reforma fiscal. De facto, McCain tem prometido cortar taxas eliminando programas desnecessários (que não se sabe quais são) e «who better to help carry out that agenda than the governor of a state whose residents pay less taxes than anyplace else in the union due to their genius in making the federal government pay the tab for virtually everything?» O Christian Science Monitor, inesperadamente ou talvez não - o discurso de Palin irritou muitos crentes, nomeadamente católicos como nos indica a Time -, terminava a sua apreciação dizendo

And still hanging out there are the specific economic plans for the McCain-Palin ticket. The last few days have brought a lot of talk from the Republicans about why people should not trust the Obama team’s economic ideas (they claim taxes will rise) but little talk about what the GOP has in mind. For all the talk about how Obama’s speeches lack specifics, specifics, particularly on the economy, have been more lacking here in St. Paul.

Sem me querer deter mais na análise de um discurso que em substância tem muito pouco para analisar, só me interrogo porque razão, depois do que muitos louvam como um êxito estrondoso, a campanha de McCain, pela voz de Nicole Wallace, considera que o povo americano não deve ser esclarecido por Sarah Palin em debates, entrevistas ou programas em que tenha de responder a perguntas específicas ou discutir as suas ideias. Aparentemente os republicanos consideram que a sua candidata deverá apenas transmitir as suas (?) ideias através de apresentações muito bem coreografadas com textos escritos por outrem. Não sei exactamente a mensagem que pretendem fazer passar com esta posição. Mas a mim parece-me que não têm exactamente muita confiança quer na competência quer nas capacidades da sua candidata. Não sei porquê mas tudo isto me lembrou o filme All About Eve ...

15 comentários

Comentar post

Pág. 1/2

Arquivo

Isabel Moreira

Ana Vidigal
Irene Pimentel
Miguel Vale de Almeida

Rogério da Costa Pereira

Rui Herbon


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Comentários recentes

  • Anónimo

    The times they are a-changin’. Como sempre …

  • Anónimo

    De facto vivemos tempos curiosos, onde supostament...

  • Anónimo

    De acordo, muito bem escrito.

  • Manuel Dias

    Temos de perguntar porque as autocracias estão ...

  • Anónimo

    aaaaaaaaaaaaAcho que para o bem ou para o mal o po...

Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2020
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2019
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2018
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2017
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2016
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2015
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2014
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2013
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2012
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2011
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2010
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2009
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2008
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D
  235. 2007
  236. J
  237. F
  238. M
  239. A
  240. M
  241. J
  242. J
  243. A
  244. S
  245. O
  246. N
  247. D

Links

blogs

media