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Imaginemos Paulo Portas em versão não governamental

 

Estávamos em março de 2008, um "surto" de mortes violentas enchia os espaço mediático, acompanhado dos tradicionais anúncios de apocalipse. Um ex-secretário de estado deste governo afirmava, dramaticamente, que "A ideia de que Portugal era um paraíso com melros a cantar nas oliveiras já se foi. Resta pouco desse retrato. Tenham cuidado.", não lhe interessava muito que números não confirmassem os seus achismos, dizia aliás que se alguém se atrevesse a questionar a ideia de que o homicídio ou a criminalidade violenta estavam a aumentar isso não era mais que "pingar a mentira" para proteger as instituições ou o governo. Entre esses pingadores de mentira estariam alguns membros deste blog, caso da Fernanda que por essa altura escreveu vários textos em que demonstrava que o tal apocalipse era capaz de não estar bem a chegar, e com números a servir-lhe de apoio:

 

Em 1994 foram registados 424 homicídios. Em 1995, 408. Em 1996 (o da outra "onda", a citada no início deste texto), 391. Em 1997, 381. Em 1998, 340. Em 1999, 299. Em 2000, 247. Em 2001, 282. Em 2002, 266. Em 2003, 271. Em 2004, 187. Em 2005, 133. Em 2006, 194. E, finalmente, em 2007, 135. Esta evolução corresponde a uma descida sustentada de 68,2%.



Poucos meses depois o tema voltava a servir-lhe de tema para uma crónica e podia ler-se:

 

E que o mais violento dos crimes - o homicídio - teve uma descida sustentada de 68,2% entre 1994 e 2007. Uma descida que é comum à generalidade dos países da Europa Ocidental e coexiste com um aumento moderado do crime violento. Ou seja, a violência contra pessoas aumenta, mas a sua gravidade diminui. Este paradoxo deve levar-nos a reflectir sobre as tendências da criminalidade - não calculadas semana a semana ou ano a ano mas em décadas -, assim como sobre a relação entre a percepção e o sentimento da insegurança.



Até agora apenas falei de 2008 mas houve repetições de discursos do "fim do mundo" em 2009 e em 2010. Normalmente associados a declarações alarmistas e justicialistas, em particular do líder de um dos partidos que está neste momento no poder, falo de Paulo Portas

Não adiantava explicar, por exemplo, que 2008 não correspondia a uma alteração do padrão dos números, o acréscimo acentuado de homicídios só era verificável em relação ao ano imediatamente anterior, que tinha sido atípico em relação ao padrão. Para Paulo Portas e seus acólitos era só o curto-prazo que importava e quem quer que se atrevesse a questionar diagnósticos era um tonto que ia na conversa de sociólogos, essa raça pós-moderna que só existe para mascarar a realidade.

Se toda a gente funcionasse da mesma maneira 2012 teria sido um prato cheio, afinal houve um aumento de 27,4% em relação a 2011 e este ano a coisa parece que vai pelo mesmo caminho, os números do 1º trimestre apontam para um aumento de 20% em relaçao a 2012 (dados encontrados no DN de hoje)...só que, e repito as palavras da Fernanda, quem seja honesto nesta discussão sabe que as tendências da criminalidade não são, nem podem ser, "calculadas semana a semana ou ano a ano".

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