Imaginemos Paulo Portas em versão não governamental
Estávamos em março de 2008, um "surto" de mortes violentas enchia os espaço mediático, acompanhado dos tradicionais anúncios de apocalipse. Um ex-secretário de estado deste governo afirmava, dramaticamente, que "A ideia de que Portugal era um paraíso com melros a cantar nas oliveiras já se foi. Resta pouco desse retrato. Tenham cuidado.", não lhe interessava muito que números não confirmassem os seus achismos, dizia aliás que se alguém se atrevesse a questionar a ideia de que o homicídio ou a criminalidade violenta estavam a aumentar isso não era mais que "pingar a mentira" para proteger as instituições ou o governo. Entre esses pingadores de mentira estariam alguns membros deste blog, caso da Fernanda que por essa altura escreveu vários textos em que demonstrava que o tal apocalipse era capaz de não estar bem a chegar, e com números a servir-lhe de apoio:
Poucos meses depois o tema voltava a servir-lhe de tema para uma crónica e podia ler-se:
Até agora apenas falei de 2008 mas houve repetições de discursos do "fim do mundo" em 2009 e em 2010. Normalmente associados a declarações alarmistas e justicialistas, em particular do líder de um dos partidos que está neste momento no poder, falo de Paulo Portas.
Não adiantava explicar, por exemplo, que 2008 não correspondia a uma alteração do padrão dos números, o acréscimo acentuado de homicídios só era verificável em relação ao ano imediatamente anterior, que tinha sido atípico em relação ao padrão. Para Paulo Portas e seus acólitos era só o curto-prazo que importava e quem quer que se atrevesse a questionar diagnósticos era um tonto que ia na conversa de sociólogos, essa raça pós-moderna que só existe para mascarar a realidade.
Se toda a gente funcionasse da mesma maneira 2012 teria sido um prato cheio, afinal houve um aumento de 27,4% em relação a 2011 e este ano a coisa parece que vai pelo mesmo caminho, os números do 1º trimestre apontam para um aumento de 20% em relaçao a 2012 (dados encontrados no DN de hoje)...só que, e repito as palavras da Fernanda, quem seja honesto nesta discussão sabe que as tendências da criminalidade não são, nem podem ser, "calculadas semana a semana ou ano a ano".