o marcador
"Presidente da República considera a morte de Mandela o acontecimento mais marcante de sempre". Parece que houve quem estranhasse a expressão. Eu acho que é simplesmente idiota, porque se Mandela teve alguma coisa "marcante" foi a sua vida e não a sua morte. Contudo, é apenas uma figura de estilo - digamos, uma imagem de marca - do nosso presidente da República. Cavácuo gosta de coisas marcantes. Marcante para aqui, marcante para acoli. Mandela é apenas um suprassumo da marcantofilia presidencial. Óscar Lopes, por exemplo, já o fora. Ou António Borges. Antes deles, Pedro Osório. Mais? Salvador Caetano. Ainda mais um? Luís Cabral. Ou Manuel Ivo Cruz. Tudo gente "marcante". Já Thatcher, parece não ter sido ela nem a sua morte, mas a forma como exerceu o cargo de primeiro ministro. Para o nosso querido e perspicaz líder, não são só as pessoas que são tal coisa. Há atos que idem aspas. A visita de Matan Ruak foi "um momento marcante", os roteiros que ele próprio realizou pelo país foram uma iniciativa "marcante" do seu primeiro mandato. Ah que sina a nossa, que fado. Que, bolas, também é isso.