O fim não oficioso da cooperação estratégica
Logo pela manhã, alguém me garantia que a anunciada comunicação do nosso PR ao país só podia ser por causa dos Açores. Assunto menor, retorqui, não acredito. Confirmada a profecia, e quando reflecti para além do conteúdo estrito da mesma, não fiquei a achar que a montanha tivesse parido um rato, como logo se apressaram a ditar as esquerdas pensantes - aqui no blog de imediato ilustradas pelo Rainha, cego pela pouca conta em que tem o homem. Tratava-se de um claro aviso à navegação, obviamente. Não se ocupem só de rever as inconstitucionalidades ditadas pelo TC, que, a ser assim, o veto político vem a caminho, avisou Cavaco. De resto, logo um senhor do PS Açores, mas que falava mandatado pelo PS nacional, veio confirmar a minha impressão. Modificariam o que o TC tinha anotado, mas o resto seria naturalmente reiterado. E que viesse o veto político, lia-se nas entrelinhas. Foi, ninguém o duvide, o fim do ciclo da aparente cooperação entre o PR e o PS. O Sócrates que se prepare, que o disco virou mas não vai continuar a tocar a melodia que tão bem lhe soava. Este primeiro mandato do actual PR vai dividir-se entre o antes e o pós 31 de Julho de 2008. E o mesmo é válido para o do Governo. Ano político interessante, o que se avizinha pós-banhos. Em suma, a indesmentível pouca importância do tema é precisamente a revelação da grande importância política da comunicação. Tratou-se, pois, de uma clara viragem, e só um ingénuo pode ficar atido à enfezada árvore, esquecendo a floresta - a forma, o cirúrgico momento escolhido (último dia do ano que interessa) e o decisivo recado político.

