Prioridades e urgências
Também não acho prioritário o casamento gay. Prioritária, ou mesmo urgente, era a adopção. Cada sessão legislativa que passa há mais um número enorme de crianças condenadas sem necessidade a crescer nas belas instituições de acolhimento que temos, sem qualquer família ou atenção, investimento ou afectos personalizados. Sem qualquer explicação racional, apenas pela reacção pavloviana de medo da diferença e da mudança. Espero que quem defende isto adormeça bem todos os dias a pensar em meninos que têm um quotidiano feito de dormitórios e refeitórios. Isso antes de terem idade para passar metade do tempo a fugir e a viver na rua. Porque isto é que são bons territórios para uma infância feliz e um desenvolvimento pessoal equilibrado, não é?declaração de interesses: sou militante de um partido que apoia o casamento gay mas não a adopção. Não perdi a esperança de que alguma boa-fé e um bocadinho de reflexão mudem esta posição um dia destes. Porque ali não há de ser questão a defesa da "família tradicional" burguesa que o Engels zurziu. A luta continua.