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Português para não especialistas

Por que é que o plural de "qualquer" é "quaisquer" e não "qualqueres"? Por que é que, neste particular, a solução utilizada em português para o plural da palavra "qualquer" é completamente distinta das soluções espanhola e francesa? Haverá mais alguma palavra em português ou noutra língua latina que tenha o plural no meio?

Estou especialmente interessado na explicação dos filólogos.

9 comentários

JPG 29.02.2008

Bem, há duas perspectivas: uma mais técnica, por assim dizer, e outra mais pevidelaureante, igualmente por assim dizer. No primeiro caso, mais vale citar uma especialista:

«O plural de qualquer é quaisquer. Trata-se de palavra formada do pronome qual + quer (terceira pessoa do singular do presente do indicativo do verbo querer), que significa coisa, lugar ou indivíduo indeterminado, «não importa qual». No plural, apenas o primeiro elemento flexiona, mantendo-se invariável a forma verbal quer.»
Regina Rocha, Ciberdúvidas (http://www.ciberduvidas.pt/pelourinho.php?rid=296).

Na outra perspectiva, pois bem, digamos que "qualquer" e "quaisquer", se bem que foneticamente assimiláveis, não são propriamente da família dos malmequeres. Por coincidência, tanto estes como aqueles como aqueloutro também não são mamíferos. Por outro lado, convenhamos que os nossos escorreito "qualquer" e elegante "quaisquer", respectivamente, são muitíssimo mais jeitosos do que o pífio "quelconque"(s) francês e têm munta mais pinta do que o castelhano "cualquier"(a/as/es), não respectivamente.

Em suma: é melhor a explicação técnica.
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JN 29.02.2008

qualquer e quaisquer são pronomes indefinidos invariáveis. Por sinal o único com plural. E no meio da palavra como diz.

qualquer= qual+querer (pronome+verbo) pode indicar a origem da palavra por aglutinação na sua composição (como por exemplo as palavras planalto=plano+alto, fidalgo=filho de algo) ou por justaposição (e entretanto ter perdido o traço de união, qual-quer, ex. surdo-mudo, saca-rolhas, sem-sabor). Por exemplor malmequer perdeu os traçs de união de mal-me-quer.

palavras com o plural no meio. pães-de-ló, grãos-de-bico, surdos-mudo, azuis-claro, são palavras composta por justaposição

mas é uma boa pergunta.
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JPG 01.03.2008

Ok. Pronto. Fora de brincadeiras. Agora a sério.
Trata-se de uma questão do foro legal. "Quaisquer" é um par de qualquer coisa, desde que viva(m) de casa e pucarinho, isto é, pelo menos em união de facto; caso contrário, se se distanciarem um do outro nem que seja um bocadinho, um simples espaço o "quais" do "quer", então o casal aí danou-se, acabou, adeusinho, fica uma interrogativa inequívoca, a saber, quais quer, como por exemplo na pergunta "madame, destes brioches, quais quer vossa excelência", ou assim.
(Pois. Eu sei. Mas de momento não me ocorreu nada de mais chocho.)
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JPG 01.03.2008

Ena. Alguém que me corrija o Português, a bemdezêri. Eu cá parece-me que, na ilustração acima escarrapachada, se calhar o mordomo estava mas é distraído, ou então, quem sabe, assim por exemplo no caso de ter tido um vislumbre repentino do decote (as mamas, compreende o companheiro) da madame, e vai daí atrapalhou-se (no dito exemplo, mantenhamo-nos por conseguinte no enquadramento cénico, não nos desviemos nem percamos a concentração). Em não tendo sido por isso, pois lá terá sido por algum preciosismo linguístico, raios, que sei eu, mas eu agora sou lá linguista, às tantas a madame tinha-lhe dito "ó Jarbas, chegue-me aí dois ou três desses brioches, que eu estou que nem posso de fraqueza" e vai o Jarbas e chega-lhe e diz-lhe aquilo assim, cheio de asneiras e de pontapés na gramática, o malcriadão.
É isso. Tem razão. Os Jarbas costumam ser nabos nestas coisas da ingrícola. Principalmente aqueles que tratam as madames por tu. Então esses, ó, ó, que ricos meninos!
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JP 30.07.2009

Plural dos nomes compostos por justaposição

Cristóvão de Aguiar

1 - As palavras compostas ligadas por hífen formam o plural apenas nos elementos substantivos e adjectivos. Exemplificando. Foi à praça e comprou couves-flores. Ele gosta de ir à caça. Um destes dias caçou dois porcos-espinhos. No Regimento há três sargentos-mores. Os guardas-florestais são muito importantes na vigilância das nossas matas e florestas. O canteiro está a abarrotar de amores-perfeitos.

2 – Se os elementos que formam a palavra são um verbo ou palavra invariável e um substantivo, só este passa para o plural. Alguns exemplos: a casa dela é muito espaçosa tem quatro guarda-roupas. Os guarda-lamas do automóvel estão cheios de ferrugem. NB: Guarda tanto pode ser uma forma do verbo guardar, 3.ª pessoa do presente: o guarda-loiças, como um substantivo: o guarda-florestal, (os guardas-florestais). No primeiro caso, só o último elemento vai para o plural.

3 – Se os dois elementos que formam o nome por justaposição são dois substantivos ligados pela partícula de, só o primeiro vai para o plural. Seguem-se alguns exemplos: Os operários necessitaram de vários pés-de-cabra para dar vazão ao serviço de arrancar pregos velhos das traves da casa. Na festa de casamento foram consumidos muitos pães-de-ló.

4 – Se o nome composto é constituído por dois substantivos em que o segundo especifica a função ou natureza do primeiro ou exprime finalidade, só este (o primeiro) vai para o plural. Exemplifico: os balões-sonda foram lançados com a finalidade de medir a pressão atmosférica na Lua. Portugal só tem um navio-escola, a Sagres, mas há países que têm vários navios-escola. A fábrica fez vários contratos-programa. Neste texto há uma palavra-chave; no livro há muitas palavras-chave. O Diário da República publica muitos decretos-lei.

NB 1: Ouve-se todos os dias na rádio e na televisão os social-democratas isto, aquilo, aqueloutro. O composto está mal feito. Deve dizer-se ou escrever-se sociais-democratas.

NB 2 – Anteriormente, havia palavras compostas por justaposição e separadas por hífen que se aglutinaram e se escrevem agora sem hífen: malmequer / malmequeres; pontapé / pontapés; aguardente / aguardentes; varapau / varapaus...

Publicado por L. Aguiar-Conraria às maio 11, 2006 11:25 AM
em: http://aguiar-conraria.weblog.com.pt/arquivo/170434.html
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