Uma explicação possível
Se for mesmo verdade que "na avaliação conta o desempenho dos alunos como indicativo da qualidade do professor", a professora tem toda a razão em estar contra. Também já ouvi dizer que chumbar um aluno implica muita papelada. Estas circunstâncias são culpa da ministra e têm por efeito exactamente o que ela pretende (o que ela pretende percebe-se, por exemplo, nos exames nacionais de matemática, que segundo a sociedade portuguesa de matemática são cada vez mais fáceis). Parece-me evidente que um sistema de avaliação dos professores não pode ter como parâmetro um dado que pode ser directamente manipulado pelo próprio professor. Trata-se apenas de uma incompatibilidade. O comentário da professora faz todo o sentido, independentemente de estar implícita uma falsificação para o vício se concretizar. Se o argumento da falsificação fosse válido, não seria necessária uma lei das incompatibilidades para determinadas profissões, porque só por má-fé é que uma pessoa tiraria partido da sua dupla condição. Por que razão existe então uma lei das incompatibilidades? Porque um sistema é tanto melhor quanto menos depender da boa-fé dos seus agentes. O mesmo princípio deve ser aplicado à avaliação do desempenho dos professores.