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Com um dia de atraso... um texto recuperado

 

O dia 24 de Novembro é, em Portugal, o Dia Nacional da Cultura Cientifíca. A escolha da data é simples de explicar, foi nesse dia que nasceu Rómulo de Carvalho. Ao contrário de outros, de cada vez que ouço falar dele a primeira coisa em que penso (ok, a Pedra Filosofal não conta) é num magnífico livro editado pela Gulbenkian em 1998 que se chama As origens de Portugal - História contada a uma criança. A minha relação com este livro é definição perfeita de paixão à primeira vista, pousei os olhos naquele livro grande, de capa dura azul escura, abri-o e... o encantamento surgiu. Já o ofereci a crianças uma boa dezena de vezes e constatei, embevecida, que a "magia" não me atingia só a mim. Em certas idades interessa menos a "efectiva cientificidade" da informação e muito mais a capacidade de cativar pequenos leitores e, no caso em questão, interessá-los por essa coisa "estranha e misteriosa" que é o passado, já não vivido como fábula. Ambos os objectivos, diz-me a experiência, são sempre conseguidos com "As origens...", além disso há uma clara preocupação de rigor. Não é um livro "normal", pode dizer-se que é uma espécie de... hum, como descrever?... "apontamentos ilustrados" (ou grande carta ilustrada) feitos por Rómulo de Carvalho para iniciar o filho, na altura com 7 anos, na História de Portugal. A linguagem é adequadíssima sem ter nada de infantilo-cretinóide. Tudo é apresentado com uma grande dose de humor à mistura. Andava à procura da capa (ou de uma página do livro) para ilustrar este post e encontrei um texto da Luísa Ducla Soares que apresenta exemplos (deliciosos) daquilo que estou a dizer:

"Pois Rómulo de Carvalho entrou, sem reservas, no mundo das vivências infantis. Ao falar das lutas entre cristãos e sarracenos, sintetizava assim a atitude dos guerreiros do norte: «atiraram-se aos mouros como tu costumas atirar-te aos doces. Foi o que se chama uma limpeza»(...)

Não esconde a barbaridade dos cruzados, dos cavaleiros de Afonso Henriques,
trespassando com lanças velhos, mulheres, crianças, roubando a própria roupa que traziam vestida aos pobres vencidos. Descrevendo as lutas como se de um filme se tratasse, aconselha: «O melhor é tu fechares os olhos para não veres tanta desgraça»".

Bem, os exemplos que ela apresenta são tantos que a tentação de os passar para aqui é mais que muita. Em vez disso o conselho: leiam a parte que se dedica às "Origens.." neste texto. E, conselho de amiguinha, experimentem, da próxima vez que forem a uma livraria, pegar nele e depois digam-me se é ou não um apetite. Uma coisa asseguro, o prazer com que os putos o descobrem é imenso...

 

Adenda: Outra sugestão de leitura, que não tinha descoberto quando escrevi este texto há 2 anos, é "A História de Portugal Revisitada por Rómulo de Carvalho/António Gedeão: Ilustrações sobre o quotidiano Medieval"  de  Maria Isabel Morán Cabanas

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