Continuando o passeio matinal
Familia, paternidade, maternidade, filhos, relações de autoridade e "proteccionismo parental" são temas que, como já devem ter percebido, me interessam. É por isso que não posso deixar de recomendar a tradução de um artigo do Der Spiegel feita pelo Lutz. Um cheirinho:
Aproveito e renovo a caracterização de "que homem sensato" que fiz quando, há uns meses, encontrei isto escrito numa revista (o facto do monumento de sensatez ser meu irmão não interferiu, ok?):
«Quando João Pires observa as traquinices dos seus três filhos juntamente com a trupe de vizinhos no quintal de sua casa em Évora recorda-se dos tempos em que ele e os vizinhos de Benfica, em Lisboa, se reuniam para brincar. Sem medo dos joelhos invariavelmente esfolados, de uma ou outra cabeça partida, de eventuais raptores e de todo um mundo de perigos que, tanto aos seus olhos como aos dos pais, eram tidos em conta mas relativizados. Volta e meia vai ao café e deixa-os entregues à inesgotável imaginação e energia da infância. Tem, no entanto, a noção de que no seu núcleo de amigos, poucos serão os que proporcionam aos filhos tamanha liberdade. "Que é, do meu ponto de vista, a melhor forma de lhes dar defesas", explica o geográfo de 37 anos. "Só experenciando os perigos, devidamente calculados, é que os miúdos aprendem realmente a proteger-se", afirma convicto.»
in Gingko, nº6, pp. 73/74