Guerra ao Terrorismo: um raio de esperança
Em Setembro, na «Trilogia dos Elementos», referi a delicada e complexa trama de relações entre ideologia, relações sociais, política e religião, em que cresceu uma Índia de contrastes onde é difícil distinguir o que é militância religiosa do que são «cavalos de batalha» para marcar pontos políticos. Na Bombaim que muitos chamam Mumbai, os líderes muçulmanos, que percebem bem o que pretendiam os terroristas que deixaram a cidade refém do terror por três dias, assumiram a sua militância religiosa num cavalo de batalha que é simultaneamente uma mensagem muito forte para todos os potenciais terroristas islâmicos.
A Muslim graveyard in the heart of Mumbai has broken with Islamic tradition and refused to bury the bodies of nine terrorists who were killed during the attack on India's financial capital.The influential Muslim Jama Masjid Trust, which runs the 7.5-acre Badakabrastan graveyard, said it would not bury the gunmen because they were not true followers of Islam.
Hanif Nalkhande, a spokesman for the trust, said: "People who committed this heinous crime cannot be called Muslim. Islam does not permit this sort of barbaric crime."
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Na realidade, parece que não só os muçulmanos mas todos os grupos religiosos indianos se uniram em torno da decisão dos Mushavirs e ninguém quer enterrar os terroristas em solo indiano. A decisão dos responsáveis pelo cemitério Badakabrastan foi tomada depois de uma reunião envolvendo 50 grupos religiosos que discutiram como deveriam reagir os muçulmanos indianos aos ataques que fizeram 188 vítimas e deixaram mais de 300 feridos.
«These people should be buried where they came from. There is no space for them on our holy land.» transmitiu Syed Moinuddin Ashraf, que dirige a madrassa Jamia Qadriya Ashrafiya.
Esta posição, com poucas vozes dissidentes, foi seguida por muitos outros líderes como Mohammed Mansoor Ali Qadami, o secretário geral do grupo All India Sunni Jamiat-ul-Ulema, que pediu punições severas para todos os envolvidos nos ataques: «They should be given the severest punishment so that no one ever dares repeat such a thing. The entire Muslim community condemns these attacks.»
Os terroristas, que atacaram cirurgicamente os locais de maior concentração de ocidentais e o Chabad judeu, pretendiam dar uma lição aos indianos. Esperemos que esta seja devolvida e seja emulada noutros locais a saudável reacção dos muçulmanos indianos, que inclui uma marcha de protesto a realizar amanhã.
A marcha Muslims Against Terror declarará «inimigos da Índia» os pertencentes a organizações terroristas como a al-Qaeda, o serviço paquistanês de informação ISI (Inter-Services Intelligence), o Lashkar-e-Taiba e a sucedânea «caridade» Jamaat-ud-Dawa - ambas fundadas e dirigidas por Hafiz Sayeed -, o Jaish-e-Mohammed, o HuJI (Harkat-ul-Jihad-al Islami Bangladesh ), os Indian Mujahideen ou o SIMI (Students Islamic Movement of India).

