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As guerras das falafel

O Haaretz relatava há uns dias os detalhes de um novo conflito entre o Líbano e Israel que promete durar muitos anos. Esta guerra tem como arma pesada o grão, acompanhado de sementes de sésamo e beringelas. De facto, esta é uma «food fight» em que os libaneses pretendem  que Israel deixe de comercializar, pelo menos com esse nome, pratos como  falafel (as bolas fritas de pasta de grão e/ou fava),  humus e tabuli.

 «Não basta que roubem as nossas terras», disse o presidente da Associação Libanesa das Indústrias, Fadi Abboud, à Associated Press. «Agora também estão a roubar a nossa civilização e a nossa cozinha.»

 

Na realidade, perde-se no tempo a origem destes pratos típicos do Médio Oriente. Não se sabe quem inventou a falafel (confeccionada desde tempos imemoriais à base de fava no Egipto) ou o humus. Sobre esta última delicatessen, há quem veja  referências históricas a uma substância parecida na Bíblia,  outros atestam que a sua aparição se deve aos bons ofícios gastronómicos de Saladino e outros ainda garantem que surgiu durante o Império Otomano. É inquestionável no entanto que surgiu antes da criação de Israel, em 1948, ponto em que todos concordam. 

A queixa que o Líbano pretende levar às mais altas instâncias assenta no facto de que  falafel, humus, tahina e outras iguarias são exportadas como produtos típicos de Israel fazendo, afirma Fadi Abboud, o Líbano perder milhões de dólares. Ao exigirem direitos de propriedade intelectual sobre os pratos,  a associação das indústrias libaneses quer impedir que outros países comercializem o que reclamam ser tão libanês como o queijo feta é grego, o champanhe francês ou o vinho do Porto nacional. De acordo com o industrial libanês, com a comida do Mediterrâneo Oriental na moda, a definição de quem a inventou  torna-se muito importante. «Vamos tentar provar que esses pratos têm origem no Líbano para patenteá-los», acrescentou. 

O problema é que muito provavelmente vai ser extraordinariamente complicado fazer essa prova porque os pratos são típicos de praticamente todos os países desta zona do globo e todos reinvidicam a sua invenção:

«No one has the right to call hummus and falafel his national dish,« disse Siham Baghdadi Zurub, uma chefe de  Ramallah sutora do livro «The Palestinian Cuisine» Siham argumenta que os palestinos foram os primeiros a fazer humus de grão em vez de favas como no Egiipto ou Síria, acrescentando «Putting copyright on certain dishes is a selfish trend that reflects insecurity and lack of common sense».

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